América Latina

A Venezuela em ebulição

ONG registra 14 mortos em dois dias de protestos; país está com dois presidentes e mundo se manifesta

Reprodução -

O presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó (na foto, à direita), afirmou nas redes sociais que está comprometido em restabelecer a democracia, a liberdade e o respeito aos direitos humanos. Em sua conta no Twitter, ele postou as manifestações de apoio de líderes políticos mundiais ao processo de transição. Também respondeu às declarações dos líderes e publicou fotos com imagens dos protestos em várias regiões da Venezuela.

A ONG Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS) veiculou informações sobre 14 mortos durante os protestos nas ruas de Caracas, entre terça e quarta-feira, inclusive de dois jovens de 16 e 18 anos. De acordo com a organização, 13 vítimas eram do sexo masculino e uma do feminino. As idades variam entre 16 e 47 anos. Nas imagens da OVCS, há muitos agentes do Estado armados e fortemente equipados para proteção pessoal.

Segundo a entidade, além de Caracas registraram manifestações com episódios de violência as regiões de Amazonas, Barinas, Bolívar, Portuguesa e Táchira.

União Europeia defende eleições livres e confiáveis
A União Europeia defendeu a realização na Venezuela de novas “eleições livres e confiáveis”, de acordo com a ordem constitucional, para restabelecer a democracia no país. Em comunicado, o bloco apelou para que a população seja ouvida, jamais ignorada. Também reiterou apoio ao Parlamento e à interinidade do presidente Juan Guaidó. No comunicado, a União Europeia reitera o apoio à interinidade de Guaidó e da Assembleia Nacional Constituinte, e rechaça a violência registrada nos protestos em Caracas e demais regiões da Venezuela. “A violência e o uso excessivo da força pelas forças de segurança são absolutamente inaceitáveis e não resolverão a crise. O povo da Venezuela tem o direito de se manifestar pacificamente, escolher livremente seus líderes e decidir seu futuro.”

O bloco europeu, no documento, coloca-se à disposição para colaborar com o processo de transição.
Na quinta-feira (24), ainda, o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou sessão extraordinária, em Washington, nos Estados Unidos, para discutir a situação na Venezuela.
O Brasil, os Estados Unidos, a União Europeia, a Organização das Nações Unidas (ONU), o Grupo de Lima e a própria OEA se manifestaram favoravelmente a Guaidó.

Rússia alerta sobre risco de agravamento
Aliado da Venezuela, o governo da Rússia alertou sobre a possibilidade de agravamento da crise no país a partir do estabelecimento de um processo de transição. Autoridades russas afirmaram que há riscos de redução da cooperação econômica com a Venezuela, pois a instabilidade interna impede negociações e acordos. O presidente do Comitê de Defesa, Vladimir Shamanov, disse que a situação atual tem efeito desestabilizador, gerando reduções de investimentos.

Militares juram lealdade a Maduro
Comandantes militares de várias regiões da Venezuela vieram a público, na manhã de quinta-feira (24), para jurar lealdade ao presidente Nicolás Maduro, que reconhecem como chefe em exercício constitucionalmente eleito. Ao menos sete comandantes já tinham se pronunciado. Ao falar, cada um deles estava cercado por subordinados - alguns, por centenas de militares.

Quem é Juan Guaidó
Principal nome da oposição da Venezuela, Juan Gerardo Guaidó Marquez, tem apenas 35 anos e é desconhecido de muitos no exterior. Porém, como presidente da Assembleia Nacional Constituinte, classificada pelo governo Nicolás Maduro como ilegítima, o Parlamento virou a principal referência de força contrária no país.

Casado, Guaidó tem uma filha de nove anos e construiu sua carreira política a partir da liderança de movimentos estudantis. Ganhou destaque nos protestos de 2007 e, desde então, passou a chamar a atenção dos políticos tradicionais do país.

Guaidó disputou o governo de Vargas, região onde mora, e perdeu. Em 2010, foi eleito deputado, como suplente do parlamentar Bernardo Guerra. Em 2015, foi eleito deputado federal. Também integrou o Parlamento Latino-Americano (Parlatino). No ano passado, assumiu como presidente da Assembleia Nacional Constituinte e líder da maioria de oposição.

Formado em Ciências e Engenharia Industrial, fez duas pós-graduações antes de assumir como representante da Faculdade de Engenharia perante o Conselho Geral de Representantes Estudantis (Cogres), membro do Presidente de Honra e do Programa de Liderança universitária.

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