A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) será representada na etapa final da 10º edição da Campus Mobile, organizado pela Associação do Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC). O evento, que promove o desenvolvimento de soluções por meio de aplicativos, produtos e serviços do segmento mobile que promovam impacto social e benefícios à população, contará com a presença dos pelotenses Julia Fripp e Marcelo Rodrigues na etapa final.

Durante a graduação, é comum que alguns estudantes tenham o desejo de fazer intercâmbio, seja para buscar conhecimento ou ter novas experiências. Mas para os alunos LGBTQIAP+, esse desejo pode vir a se tornar uma insegurança. E foi buscando mudar este cenário que os dois acadêmicos da UFPel e a estudante do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Sabrina da Silva, desenvolverem o projeto "Exchange Pride APP - Intercâmbios e Missões Empresariais mais Diversas". Um aplicativo que pretende facilitar a troca de ideias entre membros da comunidade LGBTQIAP+ que desejam realizar um intercâmbio, proporcionando informações de quem já passou pela experiência.

Julia tem 22 anos e é estudante do curso de Cinema e Audiovisual. Ela conta que o projeto foi desenvolvido com a ideia de entregar informações confiáveis e relevantes à comunidade LGBTQIAP+, que muitas vezes tem medo de não se adaptar em um ambiente novo. "A Exchange Pride democratiza informações seguras e confiáveis sobre intercâmbio, entrega experiências com valores acessíveis e promove a segurança e a inclusão de pessoas desta comunidade no universo intercambista", pontua.

Além disso, o aplicativo também oferece um Marketplace, no qual promove a conexão entre jovens com empresas do ramo de intercâmbio. A partir deste contato, o futuro intercambista conhece instituições com propostas de diversidade e que entregam benefícios capazes de tornar a experiência mais acessível e segura.

O projeto do trio foi selecionado para o Campus Mobile, concurso de Inovação e empreendedorismo. O Exchange Pride está concorrendo com mais dois projetos na categoria Diversidade. "Dentre nossas próximas metas está colocar o aplicativo em um servidor de hospedagem, fazer novas parcerias e trazer instituições diversas para o Marketplace do app, além de ajustá-lo e acrescentar configurações de acessibilidade [definição de grau de daltonismo, de áudio, libras etc.]", aponta.

A partir desta terça-feira (3) a equipe participará de uma semana de imersão virtual. Além disso, o trio está concorrendo a uma viagem ao Vale do Silício, na Califórnia. "Eu e minha equipe aprendemos muita coisa, avançamos muito e demos o nosso melhor. Passamos por altos e baixos, errando e aprendendo, sempre nos apoiando mutuamente. Utilizamos a multiplicidade de nossas diferentes habilidades - comunicação, design e programação - para aprimorar, atualizar e seguir em frente. Seja lá qual for o resultado, já nos sentimos imensamente gratos pela experiência no concurso", comemora.

A visão de quem já usou

O aplicativo já está em funcionamento e disponível para uso. Heverton Lima, 24, é uma das pessoas que, inclusive, já utilizou o serviço. Estudante de Cinema e Audiovisual na UFPel, o jovem aprova a ferramenta. "Eu gostei bastante. Em questões técnicas eu achei ele bem funcional e intuitivo, é de fácil uso pra qualquer pessoa e, principalmente, pra quem não usa o celular muito bem. A equipe de desenvolvimento se mostrou bem aberta nas alterações e sugestões que foram feitas."

Além disso, o estudante acredita que a Exchange Pride é uma boa forma de garantir que o lugar escolhido para o intercâmbio contribua para que além de uma experiência para agregar novos conhecimentos, seja também um período positivo e acolhedor. "Vejo que esse questionamento é um dos primeiros que as pessoas fazem: se o lugar é seguro pra elas. E acaba também que, fazendo esse mapeamento, não só pessoas LGBT, mas também simpatizantes podem ter conhecimento sobre lugares que possuem políticas sociais de inclusão e podem ter uma comodidade maior também", ressalta.

Incentivo para a comunidade acadêmica

Para Vinícius Campos, superintendente de Inovação e Relações Interinstitucionais da UFPel, a participação dos estudantes em concursos é uma boa forma de mostrar os conhecimentos adquiridos dentro da instituição. "A universidade precisa cada vez mais estar à serviço da sociedade, desde a formação de pessoas até o desenvolvimento de tecnologias. Os trabalhos e tecnologias desenvolvidos por alunos, quando levadas para fora dos muros da universidade, geram oportunidades para todos", aponta.

O professor compartilha, ainda, que nos últimos anos a UFPel tem investido cada vez mais em programas de inovação e tecnologia . "Somos uma das principais universidades do país quando o tema é inovação. A área de inovação da universidade tem sido considerada como um dos quatro pilares associados ao ensino, pesquisa e extensão. Recentemente, a UFPel instituiu a sua Política Institucional de Inovação que busca proporcionar um ambiente mais favorável a pesquisa, desenvolvimento e inovação na instituição", finaliza.

Sobre o evento

Indo para a sua 10º edição, o Campus Mobile é um concurso para reunir ideias e iniciativas sobre inovação e empreendedorismo. Organizado pela Associação do Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC), o concurso recebe inscrições de estudantes e recém-formados de todo o país. O objetivo é estimular os participantes a desenvolverem soluções por meio de aplicativos, produtos e serviços do segmento mobile que promovam impacto social e benefícios à população.

A etapa final selecionou três projetos, separados em diferentes categorias: Diversidade, Educação, Games, Saúde, Smart Cities e Smart Farms. Além disso, os estudantes selecionados participarão de uma semana de imersão virtual, que começa nesta terça. Neste período, palestras, oficinas e orientação de especialistas para o desenvolvimento dos projetos serão ofertados aos selecionados.

Ao fim da experiência, no fim do mês de maio, os vencedores das seis categorias serão conhecidos.