Qualidade de vida
Adeus indisposição
Pesquisa da Esef recruta grupo de 30 mulheres que passaram pelo tratamento de câncer de mama
Carlos Queiroz -
Uma pesquisadora da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (Esef/UFPel) quer entender como séries diferentes de exercícios físicos têm impacto em mulheres que passaram pelo tratamento de câncer de mama. Chaiane Calonego, mestranda na linha de pesquisa de Exercício Físico e Promoção da Saúde, tem como objetivo comparar os diferentes efeitos das atividades entre as candidatas voluntárias ao estudo. Para isso, é necessária a participação de 30 mulheres que tenham passado pelo tratamento da doença.
Após as sessões de quimioterapia, radioterapia e a cirurgia de retirada da mama, a sensação de cansaço é um dos efeitos colaterais mais sentidos, principalmente durante a hormonioterapia, tratamento medicamentoso com a função de inibir a atividade dos hormônios que tenham alguma influência no crescimento de um tumor. Com isso, as mulheres deixam de realizar as atividades básicas do dia a dia e aos poucos vão ficando debilitadas. A capacidade cardiorrespiratória também fica comprometida, alcançando um nível 30% mais baixo em pessoas que superaram a doença.
Com o grupo de 30 mulheres, durante oito semanas, a pesquisadora vai avaliar os efeitos de cargas de exercícios diferentes, tanto em relação aos parâmetros fisiológicos - força corporal e a capacidade cardiorrespiratória - como sobre a qualidade de vida. "A autoestima, por exemplo, impacta toda a qualidade de vida delas", explica Chaiane. As candidatas vão receber exercícios iguais, com diferença no número de vezes de cada atividade, o que será sorteado. Assim, com os resultados, será feito o comparativo.
Duas mulheres já começaram os exercícios na sala de musculação da Esef. Há seis semanas, Cintia Nogueira, 26, e Maria Celina Oliveira, 64, deram adeus à indisposição. A evolução de cada uma é nítida ao longo das semanas, conforme a mestranda. Maria Celina, por exemplo, não conseguia mover o braço direito antes de fazer parte da pesquisa. Ela fez o tratamento do câncer de mama em 2014, quando era benigno, e em 2017 o tumor retornou maligno. Foi preciso retirar a mama e passar pelas sessões de quimioterapia. "É muito importante. Nós precisamos cuidar da nossa saúde", avalia.
Já Cintia passou pelo tratamento no último ano. A principal dificuldade recaiu na rotina diária. "O tratamento te traz uma indisposição muito grande", conta. Ela realizou quimioterapia, radioterapia e mastectomia. O cansaço se tornou uma constante, além de notar a perda de força no braço do lado da mama operada. Conforme as semanas de treinamento na Esef, ela sentiu a volta da disposição, o que apresentou melhoras também no dia a dia.
Para Chaiane, juntar essas mulheres que superaram a doença também ajuda no aumento da autoestima e, consequentemente, na melhora da qualidade de vida. "Aqui elas se encontram com outras mulheres que passaram pelo mesmo que elas", comenta. As voluntárias interessadas podem entrar em contato pelo (54) 98437-8522 e no e-mail [email protected]. O estudo tem duração de oito semanas, com encontros para os exercícios duas vezes na semana, conforme os horários em que as mulheres se mostrarem disponíveis.
Após as atividades, elas também podem fazer parte do projeto de extensão Exercise Research in Cancer (Erica), que oferece treinamento físico para mulheres que já finalizaram o tratamento primário para o câncer de mama.
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