Conquista
Aluno da UFPel vence a primeira Olimpíada Brasileira de Ortopedia
Competição promovida pela PUC de Campinas consagrou Daniel Bohn como campeão da disputa, a primeira da área realizada no país
Carlos Queiroz -
Acostumado às competições acadêmicas de Medicina, o estudante Daniel Bohn, de 25 anos, conquistou mais um reconhecimento. Acadêmico do 5º ano da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (Famed-UFPel), ele venceu a Olimpíada Brasileira de Ortopedia. Organizada pela PUC Campinas, a competição foi a primeira do país nesta área da saúde. Vencedor da olimpíada, Daniel foi convidado a realizar a prova de residência em Campinas para atuar na cidade paulista.
A olimpíada vencida por Daniel é a única competição nacional voltada para a Ortopedia na área da graduação, o que traz uma série de especificidades para as questões da prova, tanto no que se refere ao conteúdo, quanto no que se relaciona com o formato e a realização em si. A competição aconteceu em formato virtual e com uma série de condições para os candidatos.
Para participar, os estudantes precisaram passar por um processo de validação prévia da inscrição. No momento da prova, era necessário que a câmera gravasse não apenas o aluno, mas o ambiente onde seria realizada a prova. Os concorrentes não podiam sair da frente da tela nem olhar para os lados ou desviar o foco da prova. Nesta primeira etapa, havia um limite de 200 inscrições para participar da competição. "Foi um processo delicado, fiquei até com medo. Embora fossem menos alunos, por ser uma prova específica de Ortopedia, era mais nichada, era mais especializada e com concorrentes que pretendem seguir nessa área após a faculdade. Passei da primeira etapa, fui avançando e cheguei na final com outros 30 estudantes", explica Bohn.
Após a realização da prova, o estudante seguiu com as atividades acadêmicas no Hospital Escola (HE-UFPel). Até que uma ligação inesperada durante um plantão trouxe a notícia há muito aguardada e desejada: ele havia vencido as olimpíadas. "Pra minha surpresa, recebi uma ligação do doutor Carlos Mattos, que é reconhecido nacionalmente e um dos chefes desse serviço lá em Campinas. Ele me disse que eu tinha ido absurdamente bem, com 92% de acerto das questões e que ficou surpreso que eu ainda estava no 9º semestre, no 5º ano da faculdade", contou.
Com o alto índice de acertos, Daniel venceu a competição e levou o prêmio. O vencedor recebeu uma premiação em dinheiro no valor de R$ 3 mil, um troféu e mais um convite para uma estadia em Campinas e a oportunidade de fazer a prova de residência na instituição. "Fiquei muito feliz em ter conseguido este resultado e com todo o reconhecimento. Pra mim, é a realização de um sonho, é um sinal que estou vivendo o caminho que tanto sonhei", afirmou.
O sonho da ortopedia
A ligação de Daniel com a Medicina deriva de um momento bastante difícil. Ele tinha o sonho de ser jogador de futebol e, na adolescência, acabou tendo uma lesão - bastante semelhante a do tenista Gustavo Kuerten - que o afastou dos gramados durante dois anos. Precisou fazer cirurgia e se dedicar ao tratamento. Essa pausa dificultou a busca pelo futebol profissional e fez com que abrisse mão deste objetivo.
A partir daí, tomou uma decisão que mudaria sua vida: seguiria trabalhando no esporte, mas na Medicina, buscando tratar atletas que tivessem lesões parecidas com a sua. Veio para a UFPel já concentrado em direcionar sua formação para este campo da Medicina. "Quando o sonho do futebol foi tirado de mim, eu decidi que queria seguir trabalhando com futebol. Iniciou o sonho da Ortopedia, de poder tratar os atletas. Fui trabalhando e sempre correndo atrás. Não imaginava que seria campeão brasileiro e essa conquista também mostra que devemos sempre correr atrás dos nossos sonhos", destaca.
Vitória dedicada ao saudoso mestre
A conquista da olimpíada teve um sabor especial para Daniel. Nas atividades na UFPel, ele teve a oportunidade de trabalhar com o médico José Raymundo, falecido em junho de 2020 em decorrência da Covid-19. O traumatologista era referência em Pelotas e, na Medicina esportiva, trabalhou nos três clubes da cidade, o que serve de espelho para Daniel. O jovem conta que acertou muitas questões da prova em função de ensinamentos transmitidos por José Raymundo.
"Eu conheci o Zé quando ele foi meu professor. Sempre procurei seguir os passos dele e sofri bastante quando ele se foi. Perdi um mentor e um grande amigo. Lamento que ele não tenha visto e não tenha celebrado comigo essa vitória", enfatiza. "Ainda sou muito grato por tudo que vivemos e tudo que aprendi com ele".
Outras conquistas
Além do título da inédita Olimpíada Brasileira de Ortopedia, Daniel já havia conquistado outras competições de Medicina entre alunos de graduação. Foi bicampeão brasileiro de Anatomia, o que possibilitou que fizesse cursos nos Estados Unidos e na Europa. Além disso, escreveu um livro e foi monitor da disciplina durante a faculdade. Ele também possui a página Observação Anatômica (@obs.anato) no Instagram, que se dedica a falar sobre Ortopedia, Traumatologia, Anatomia, lesões esportivas e pautas referentes a estas áreas.
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