Preocupante

Apenas 53% das mulheres fazem consulta pós-parto

Pesquisa da UFPel revela baixa procura de puérperas por acompanhamento médico

Foto: Divulgação - DP - Apenas 53% das mulheres retornaram ao serviço de saúde para atendimento após o parto

Após o parto, naturalmente, todas as atenções se voltam para o bebê que vem ao mundo. A mãe, porém, também precisa de cuidado nos primeiros momentos pós-parto, incluindo um retorno ao serviço de saúde para a consulta de puerpério até 42 dias após o parto. Também chamada de revisão de parto, essa consulta visa um momento para se identificar fatores de risco, e sua ausência pode estar associada a uma maior frequência de doenças, desmame precoce e mortalidade materna, ainda alta no Brasil.

Uma pesquisa de doutorado da UFPel revelou, no entanto, que apenas 53% das mulheres retornaram ao serviço de saúde para atendimento. Os resultados foram descobertos no projeto da tese da doutoranda Cristiane Gonçalves, do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. O trabalho de Cristiane busca avaliar o acesso e a qualidade do cuidado no puerpério oferecidos pela Atenção Básica no Brasil.

Para a pesquisadora, os resultados são alarmantes. "Considerando que as mulheres mais desfavorecidas economicamente, com baixa escolaridade, que utilizaram o sistema público de saúde para o pré-natal e aquelas mais expostas a uma gravidez recorrente foram as que menos retornaram ao serviço de saúde para a consulta de puerpério, contribuindo para a baixa cobertura desse cuidado", explica.

Outro fator que chamou a atenção de Cristiane foi o elevado índice de óbitos maternos. Apesar da meta de reduzir o número de mortes de mães para 35 a cada 100 mil nascidos vivos no Brasil, os números cresceram durante a pandemia. Em 2021, foram 107 mortes a cada 100 mil nascimentos no País. "Apesar de 98% das mulheres terem recebido algum tipo de cuidado pré-natal, observa-se uma divergência, um descompasso entre o aumento da cobertura de pré-natal e o aumento da mortalidade materna", considera a pesquisadora.

"Para haver uma mudança nesses indicadores é necessário repensar políticas e condutas, tanto no aspecto da gestão quanto na assistência", avalia a doutoranda. Ela explica que para elevar esses indicadores, é necessário que gestores identifiquem as particularidades de sua região para investir na expansão da estratégia de saúde da família, ampliando o número de enfermeiros e agentes comunitários de saúde, incluindo visita domiciliar.

Um dos caminhos para ampliar o atendimento materno é aproveitar a oportunidade em que o bebê vai fazer a consulta pós-parto para também atender a mãe. "Do contrário, é uma oportunidade perdida, uma vez que a maioria das crianças são levadas pela mãe e isso deve ser dialogado entre as equipes e as gestantes ainda no pré-natal", pontua.

Em Pelotas

Segundo a diretora de Atenção Primária da Secretaria de Saúde, Greice Matos, as puérperas de Pelotas fazem seu acompanhamento na UBS de referência de seu bairro, com a primeira consulta na primeira semana pós parto, quando se inicia também o acompanhamento de puericultura das crianças. Conforme a diretora, cada UBS tem seu controle de gestantes, puérperas e crianças em puericultura, sendo realizado busca ativa quando necessário.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

HemoPel faz pedido urgente de doações de sangue Anterior

HemoPel faz pedido urgente de doações de sangue

A alta da procura por alimentos orgânicos e seus benefícios Próximo

A alta da procura por alimentos orgânicos e seus benefícios

Deixe seu comentário