Tecnologia
Aplicativo criado por pelotense propõe a troca e reutilização de itens
App Repasse foi desenvolvido com o intuito de promover o compartilhamento solidário de artigos que ainda podem ser aproveitados
Foto: Carlos Queiroz - DP - App está disponível para Android e iOS
Por João Pedro Goulart
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(Estagiário sob supervisão de Lucas Kurz)
"Uma vida plena não é aquela onde se tem de tudo, e sim aquela onde se tem somente o que realmente precisa", é como pensa o pelotense Rodrigo Cassal Viedo, de 42 anos. Guiado por esta concepção, resolveu pôr em prática um desejo antigo no início de 2023: desenvolver um aplicativo de compartilhamento e repasse de itens em bom estado. A ideia é fomentar o compartilhamento permanente de tudo aquilo que para algumas pessoas, já não tem mais utilidade, mas para outras pode ser uma forma de desfrutar de algo que nunca imaginaram. Assim surgiu o app Repasse.
Disponível para Android e IOS, o aplicativo foi pensado com o intuito de promover a reutilização de itens, incitando a cultura do repasse. Arquiteto e Urbanista especializado em Engenharia de Segurança do Trabalho, Rodrigo teve a iniciativa de criar um aplicativo onde a solidariedade falasse mais alto. "De um lado, pessoas interessadas em passar adiante aquilo que ainda é útil, mas que já não tem um significado para si ou já não agregam valor algum. E de outro lado, pessoas que, por vários motivos, não tem interesse na posse e sim no prazer de desfrutar algo mesmo que por pouco tempo. Algo que se deseja ter enquanto a vontade existir, e que para isso, não seja necessário pagar", explica.
Como funciona
O aplicativo funciona como um ambiente para conectar usuários, chamados de Repassers. No app, os usuários podem disponibilizar itens que não têm mais utilidade, oferecendo a outras pessoas a oportunidade de dar a esses itens uma segunda vida. Essa troca de bens é um dos pontos centrais da comunidade e do movimento. Para anunciar os itens no Repasse, basta baixar o app na loja de aplicativos do seu dispositivo, criar uma conta e cadastrar o item ainda em bom estado, mas sem utilidade. O anúncio conterá a foto e uma descrição do objeto, e depois de postado, será visualizado por outros Repassers que podem ou não se interessar no item.
A empresa garante que todos os processos de troca realizados dentro do aplicativo são completamente gratuitos. Portanto, os desenvolvedores dizem ser estritamente proibida a cobrança de qualquer valor por itens disponibilizados para repasse. "Acreditamos que a solidariedade e o propósito de reduzir o desperdício devem ser acessíveis a todos, sem barreiras financeiras", diz Rodrigo.
No entanto, mesmo sendo um aplicativo gratuito, para garantir a continuidade e o crescimento da plataforma, é oferecida a opção do Repasser Premium. Nesta categoria, mediante uma taxa mensal de R$ 7,90, os usuários têm uma pequena margem de preferência para solicitar produtos e podem participar de campanhas exclusivas que o Repasse promove. "Essa contribuição mínima ajuda a manter o aplicativo funcionando e expandindo, proporcionando a todos uma experiência ainda mais enriquecedora. Afinal, todos nós desempenhamos um papel na construção de uma comunidade mais solidária e sustentável", completa.
Desenvolvimento do aplicativo
A iniciativa surgiu na intenção de conectar pessoas através da generosidade. No princípio, o arquiteto Rodrigo conta que estruturou todo o projeto em sua imaginação, em um período de ócio criativo. Dividiu a ideia com a esposa, a filha e também com seu amigo advogado, Flavio Salomone Barros Silva, de 42 anos, que viria a se tornar seu sócio. Então, o quarteto começou a pensar em conjunto na fabricação do aplicativo. Juntos, Rodrigo e Flavio constituíram a empresa e encararam diversos desafios até chegarem ao produto final.
Segundo Rodrigo, foi preciso recorrer a um amigo que hoje não mora no Brasil, e aceitou ser um mentor, pois atua na área de desenvolvimento e programação de softwares e aplicativos. Ele atuou em todos os processos de construção e desenvolvimento do app. Além disso, uma empresa foi contratada para desenvolver o aplicativo e pôr em funcionamento. O inventor explica que a versão atual apresentada trata-se de um Minimum Viable Product (MVP) - ou Produto Mínimo Viável, a versão mais simples possível de ser lançada. A internacionalização é um dos pontos que os desenvolvedores pretendem inserir nas atualizações futuras, possibilitando que outros países também possam aderir ao movimento.
Além da solidariedade
De acordo com Rodrigo, o Repasse desempenha um papel tanto social, quanto ambiental. Ao promover a economia circular, a plataforma não apenas prolonga o ciclo de vida útil dos produtos, reduzindo o desperdício, mas também cria uma reação em cadeia benéfica. Essa abordagem não apenas fornece acesso a produtos a mais pessoas, mas também estimula uma nova mentalidade de consumo, baseada no reaproveitamento e na valorização do que já existe.
Além disso, o aplicativo contribui para a proteção do meio ambiente, segundo o arquiteto. A redução do desperdício resulta em menos embalagens descartadas e menos resíduos destinados a aterros sanitários. O impacto positivo se estende a curto prazo, onde a quantidade de resíduos é reduzida, até o médio e longo prazo, onde a mudança cultural fortalece práticas sustentáveis. "Ao repassar, você não apenas contribui para um ciclo mais eficiente e consciente, mas também se torna parte de uma comunidade dedicada a repensar e remodelar a forma como consumimos", afirma.
Usuários
A adesão ao projeto tem sido positiva. Em sete dias o aplicativo alcançou número planejados para um mês, mostrando que as pessoas estão abertas à ideia de repassar e receber itens de forma solidária. Em alguns casos, por ser uma novidade, há um entendimento equivocado sobre a essência do app. "Podem confundir a proposta do Repasse com doação, no sentido de caridade, o que pode gerar dúvidas ou desconforto. Queremos esclarecer que o Repasse vai além da caridade. É sobre construir uma comunidade baseada na reciprocidade e na consciência sustentável", esclarece.
Quem se tornou Repasser foi a doméstica Priscila Ribeiro, de 30 anos. Ela descobriu o aplicativo por meio da indicação de amigos, e diz que foi uma das suas melhores descobertas. Considera o app acessível e fácil de entender, usando-o sempre que possível. "Para mim, o compartilhamento de itens significa que podemos escolher o que estamos precisando e o que temos em casa, que está sem uso, para doar também. Então é muito interessante", diz.
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