Moradores do Arco-Íris, na Zona Norte de Pelotas, estão assustados com o aparecimento recorrente de cobras no loteamento. Em dois casos que a reportagem apurou, os residentes encontraram, pelo menos, seis serpentes próximas ou dentro de suas casas na última semana. Entre as espécies identificadas está uma coral e uma jararaca; as outras são desconhecidas e não tiveram registro.

Moradora da rua 20, no Arco-Íris, Thaís Azevedo, 22, encontrou uma serpente na última segunda-feira no pátio de sua casa. Ela ouviu o cachorro ficar nervoso e imaginou que seria um gambá, animal muito encontrado na região. Ao sair para o jardim, deparou-se com a cobra que tentava fugir do cão. Com mato próximo à casa, a moradora conta que já encontrou no local um filhote de jararaca e uma cobra verde com uma listra marrom, espécie desconhecida por ela. Thaís comenta que antes a área era tomada de mato e agora, com a construção de casas e o loteamento de terrenos, os bichos acabam por perder o espaço que habitavam.

O professor de Zoologia na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), José Eduardo Dornelles, explica que as espécies mais perigosas são as jararacas e as cruzeiras, as outras costumam fugir com a presença de pessoas. Apesar do medo que causam, a maioria não é peçonhenta e não oferece perigo aos seres humanos.

Com a época de chuvas, as cobras migram para áreas mais secas ou lugares aterrados. O especialista reconheceu a espécie de uma das fotos como Phalotris Lemniscatus, ou “Cabeça-preta-do-campo”. Ela dificilmente pode causar acidentes em humanos. “É terrestre, subterrânea e opistóglifa, ou seja, o dente que inocula a peçonha fica bem atrás, nos últimos dentes”, esclarece Dornelles. Acidentes são raríssimos com essa espécie e, por sua característica, acaba fugindo de terrenos alagadiços.

O porteiro Messias Morais, 28, chegou do plantão do trabalho às 7h15min do dia 1º de janeiro, abriu o portão e avistou uma cobra coral no pátio de sua casa. Com uma filha de quatro anos, foi a segunda serpente que o morador do Arco-Íris II encontrou em menos de cinco dias - a outra havia sido identificada dia 28 de dezembro por sua esposa, dentro da residência da família.

Orientação
Segundo o comandante da Patram, capitão Avelino, diariamente são atendidos casos desse tipo, além de animais que são levados diretamente à sede da patrulha, na rua Almirante Barroso, 2.928, esquina com a avenida Bento Gonçalves. Os bichos são encaminhados ao Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre (NURFS), do Instituto de Biologia da UFPel, e depois devolvidos ao seu habitat.

Procedimento
Ao encontrar qualquer animal silvestre próximo às residências, a Patram deve ser acionada para remoção e encaminhamento adequado. O telefone de contato é o (53) 3309-5380.