Mudança

Ascensão do pix beneficia do setor comerciário aos MEIs

Digitalização das transações bancárias é responsável por transformações em diversas áreas e pelo sumiço do dinheiro físico

Jô Folha - DP - O processo de digitalização das operações bancárias foi acelerado pelo distanciamento social

Do guardador de carros aos grandes e pequenos negócios, a disponibilidade do pix como uma das opções de pagamento se tornou obrigatoriedade. A facilidade da transferência monetária instantânea, aliada aos cartões, tem tornado a movimentação do dinheiro físico uma ocorrência cada vez mais rara. Fenômeno que tem beneficiado o setor terciário, responsável em grande parte pela economia de Pelotas. Além disso, de acordo com o Banco Central (BC), o pix é o principal meio de pagamento a microempreendedores individuais.

O processo de digitalização das operações bancárias foi uma ocorrência acelerada em grande parte pelo isolamento social diante da pandemia da Covid-19. Neste período, o pix foi lançado pelo BC e se tornou mais uma ferramenta aliada ao estímulo dos pagamentos digitais. A popularização da transferência instantânea teve um forte impacto na circulação da moeda física, como mostram os dados do Banco Central. Em 2019, os saques de dinheiro em caixas eletrônicos e agências somaram R$ 3 trilhões. Em 2022, o total caiu para R$ 2,1 trilhões. Já em 2020, as transações por meio do pix somaram R$ 180 milhões, enquanto no ano passado foram R$ 24,05 bilhões.

A realidade dos dados pode ser vista nas mais diversas prestações de serviços. Flanelinha na rua Padre Anchieta há 33 anos, Cristian Rita teve que se adaptar à nova forma de recebimento. "O pessoal diz que não tem, que só no pix, ai tive que criar um pix", conta. Ele diz que há cerca de dois anos o pagamento com dinheiro vivo tem se tornado uma raridade. "Antes rodava mais, mas agora o dinheiro não tem mesmo, sumiu. Um ou outro ainda tem, mas a gurizada é tudo pix".

Já o proprietário de um pequeno comércio também localizado no Centro, Vagner Dutra, foi mais resistente à adesão ao pix. O comerciante conta que só criou uma chave para pagamento no final do ano passado. "Os clientes passaram a exigir. É uma forma de facilitar porque as pessoas não carregam mais dinheiro físico". Dutra diz que, assim como a disponibilidade das máquinas de cartões, a queda nas vendas foi o que impulsionou a adequação do local ao pix. "Na pandemia se não aceitássemos cartões nós não venderíamos nada".

Setor terciário
A ampliação das transações digitalizadas beneficiou o setor de comércio no Município, conforme o Conselheiro Gestor da Câmara de Dirigentes Lojistas de Pelotas (CDL), Daniel Centeno. "É dinâmico, fácil de usar, facilitou o pagamento em qualquer lugar. Só precisa ter Internet". O gestor diz ainda que no setor vestuário, as compras em carnês ainda são comuns, já que a modalidade permite o parcelamento e o prazo na hora, mas sem a utilização do limite do cartão de crédito. "Por outro lado nós já sentíamos pós-pandemia a diminuição das consultas, o que nos leva a crer que também está diminuindo os carnês". Além disso, Centeno afirma que outra vantagem é que a modalidade digital diminui o número de inadimplências.

Na economia
"As consequências são muito positivas". Afirma o professor e doutor em Economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Marcelo Passos. Conforme o economista, as transações digitais melhoram a produtividade e agilizam as operações em geral. "Todas as cadeias produtivas ficam mais ágeis".

Em termos de produtividade, Passos diz que as transformações bancárias causam menores manutenções em termos de estoques. "Isso é muito positivo para a economia como um todo". O pix faz parte de uma modalidade chamada Open Banking (Sistema Bancário Aberto) possibilitando mais liberdade, como troca de bancos com facilidade, além de gerar mais concorrência com entre as operadoras tradicionais e os bancos digitais, beneficiando os clientes.

"No Brasil, de cada R$ 5 que são emprestados, R$ 4,91 são emprestados pelos gigantes bancários, composto por cinco bancos tradicionais, apenas cerca de nove centavos são emprestados por outros bancos. Esse é o grau de concentração bancária", explica. Cerca de 78,2% dos empréstimos bancários são efetuados pelo grupo de operadoras tradicionais.

Micro e pequenos empreendedores
Para Passos, os pequenos negócios também são grandes beneficiados pelas transformações bancárias, já que a tendência é que com o aumento da concorrência entre as operadoras, a taxa de juros diminua. "São os custos que mais pesam na composição do custo do microcrédito. A tendência é que a taxa e o custo efetivo total do microcrédito caia".

Já a pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios aponta que o pix se tornou o principal meio de pagamento a microempreendedores individuais. Conforme os dados, 52% dos MEI consideraram a modalidade como o principal meio para recebimento. O cartão de crédito ocupa o segundo lugar na preferência, sendo o meio mais usado por 20% dos microempreendedores. O dinheiro aparece em terceiro, com 12%.

"A tendência é padronizar essas formas de pagamento", afirma Passos. O Economista destaca ainda que o pix tende a ser a única forma de pagamento de todas taxas. "Simplifica a vida do comércio e dos consumidores".

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