Brasil

Assédio moral atinge mais de 40% dos trabalhadores brasileiros, diz OIT

Não há números a respeito desse tipo de crime na região; Cerest atribui à dificuldade de identificação e medo de perda do emprego

Paulo Rossi -

O assédio moral é silencioso. Na grande maioria das vezes as vítimas não detectam ou demoram para perceber as ações do agressor. E, principalmente, são raros os casos em que denunciam e buscam seus direitos.

Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam que 42% dos trabalhadores brasileiros sofrem com agressões repetitivas e com caráter humilhante. O tema centrou um ciclo de palestras, organizado pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), em parceria com a Secretária Municipal de Saúde (SMS).

Um dos painéis buscou que trabalhadores conseguissem identificar o assédio moral nas relações de trabalho e quais seus desdobramentos jurídicos.

Cerca de 50 trabalhadores e estudantes participaram da palestra. A psicóloga do Cerest, Renata Muenzer, trouxe as características do abuso e como ele se manifesta. Dois advogados, representantes de sindicatos trabalhistas no município, explicaram o que acontece perante a lei nestes casos. De acordo com Renata, o órgão não possui dados da região, pois por medo e vergonha os casos não são denunciados. Outro fator que influencia esse déficit é o fato de muitos não saberem identificar se há, de fato, perseguição em curso.

Mapeamento
A pesquisadora francesa Marie France Hirigoyen comprovou em estudo que 58% dos assédios são cometidos pelas chefias e que apenas 12% dos casos ocorrem entre colegas. Por isso, pelas agressões partirem de cargos superiores, as vítimas têm mais dificuldade em expor o problema.

No Brasil não existe legislação específica para os episódios de assédio moral. O que dificulta ainda mais o processo de identificação e punição. Na maioria das vezes a vítima acaba coagida e pede demissão, afirma o advogado Samuel Chapper. Para o também advogado Eisler Cavada, a missão mais complicada é identificar o problema e ter força de reação para levar o caso ao Judiciário, com comprovações - as vítimas têm direito à indenização se comprovadas as agressões. Apesar de e-mail, recados e depoimentos de colegas servirem de prova, a vítima apresenta dificuldade na coleta desse material, já que está abalada psicologicamente e procura não expor o problema.

Caso solucionado
Quem sofre com assédio psicológico tende ao isolamento - muitas vezes por ordens do agressor - e à depressão, características levadas ao âmbito familiar.

Desacreditada, começa a achar que as ofensas (que podem ser de caráter de gênero, racional, religioso, político) são verdadeiras e é, até mesmo, merecedora das grosserias. Em casos mais severos, a pessoa pede demissão ou entra em depressão, e pode até cometer suicídio.

Em um dos 28 municípios pertencentes ao Cerest, na Zona Sul, um caso de assédio moral foi solucionado.

A coordenadora e assistente social Maristela Irazoqui recebeu a carta de uma professora, há seis anos. Em desabafo, ela pediu ajuda ao órgão. A educadora passou por problemas de autoestima, derivados de comentários de um dos seus superiores. A equipe investigou o caso e no processo foi confirmado que mais pessoas sofriam com o mesmo problema. Ao final, o agressor foi afastado do cargo.

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