Problema
Atendimento em UBS vira denúncia no MP
Pais de bebê de dois meses alegam que tiveram serviço negado na UBS Cohab Fragata; prefeitura nega
Por Heitor Araújo e Vitória Leitzke
Raiva, tristeza e impotência. Estes foram os sentimentos que os pais da Vitória, de dois meses, relataram sentir após afirmarem ter tido atendimento negado na Unidade Básica de Saúde (UBS) Cohab Fragata, após terem ido à UBS Virgílio Costa, onde o pediatra da unidade teria assinado o ponto como se tivesse cumprido o expediente completo. A situação gerou debate na tribuna da Câmara de Vereadores na sessão desta terça-feira. Em nota, a prefeitura diz que não houve negativa à assistência e que o médico saiu meia hora antes por questões pessoais.
Pai de Vitória, Ianque de Souza conta que na última sexta-feira, entre 8h30min e 9h, ele e a mulher buscaram atendimento na UBS Virgílio Costa, quando o recepcionista teria informado que o médico pediatra já tinha saído.
"Corri para a Câmara de Vereadores e encontrei os assessores do vereador Michel Promove (Progressistas), eles pegaram o carro, chegamos lá [na UBS] e uma servidora da unidade disse que 'não podia amarrar nenhum funcionário na cadeira, eles entram e saem a hora que querem'. Fomos até a folha ponto, ele tinha assinado 7h30min como entrada e saída às 11h30min. Depois foi nos passado que ali não era a nossa área e nos encaminharam para a Cohab Fragata", relata Souza.
Ainda pela manhã, os pais levaram Vitória para a então unidade de referência, UBS Cohab Fragata. Entretanto, no primeiro turno do dia, o local é exclusivo para imunização da Covid. Após questionar o horário que poderia ir para ser atendido, ele foi informado que poderia retornar às 13h30min. "De tarde, tinha trocado a recepcionista do posto, foi aí que deu o rolo todo. Falaram que não éramos dali e eu disse que tinha chego de manhã e que a colega dela tinha dito que eu seria atendido 13h30min", destaca.
Neste momento, iniciou a discussão entre Souza e algumas servidoras do local. Ele afirma que, vendo que não seria atendido, entrou em contato diretamente com o vereador que teria o auxiliado anteriormente. "Elas ligaram para a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e eu para a Guarda Municipal e Brigada Militar para conseguir atendimento para minha filha", complementa.
Enquanto o embate ocorria no interior da unidade, a mãe de Vitória, Fernanda Schaun, aguardava com a filha na porta da UBS. Após a discussão, ela e a bebê foram chamadas para atendimento, o qual foi acompanhado pela Guarda Municipal. "Eles me atenderam super bem, porque sabiam que estavam sendo fiscalizados", opina.
Além do boletim de ocorrência online, Souza entrou com denúncia no Ministério Público contra os envolvidos. "Vou entrar contra todos envolvidos, todos que me negaram, tudo e todos, para isso não acontecer com outras pessoas", defende. "O primeiro sentimento é de raiva, o segundo de tristeza, impotência, porque é uma narrativa total deles, eles querem que tu agrida eles para perder a razão", acrescenta.
Situação chega à Câmara de Vereadores
O líder do governo na Casa, Marcos Ferreira (PTB), o Marcola, foi à tribuna para contestar a suposta falta de atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e de médicos no município. Cesinha, líder do PSB, subiu o tom e disse que, se o Executivo não prestar esclarecimentos, corre-se o risco de se iniciar uma "guerra institucional" no município.
O discurso mais inflamado surgiu após o relato do vereador Michel Promove (Progressistas), de ter ido a uma UBS no fim de semana e ter sido expulso por servidores. Anderson Garcia (PTB) e Reinaldo Elias, o Belezinha (PSD), endossaram o coro. O petebista relatou que "não procura mais a secretária de Saúde" quando há relatos de falta de atendimento nas UBSs.
Os discursos mais fortes foram mesmo de Michel Promove e Cesinha. "Está se avizinhando uma crise institucional entre Legislativo e Executivo. O poder Executivo é responsável por tudo isso que está acontecendo", disse Cesinha. "Se o Executivo não tomar atitudes, a crise institucional será aberta e a gente não sabe quando vai acabar. A secretária de Saúde também tem que ser responsabilizada", completou.
O que diz a prefeitura
Em nota, a SMS informou que Ianque de Souza chegou à UBS Virgílio Costa próximo às 11h e que logo não teria como afirmar que o médico da unidade não estava no local entre 8h30min e 9h. A prefeitura desconhece uma segunda ida ao local. De acordo com o pronunciamento, o médico teria saído às 11h por motivos pessoais.
Com relação ao não atendimento na segunda unidade, pois esta estaria realizando exclusivamente imunização contra a Covid-19, o fato não se confirma. Conforme explica a secretária Roberta Paganini, a orientação de que a família procurasse a UBS Cohab Fragata no turno da tarde se deu pois o médico daquela unidade não estava atendendo naquele momento.
Roberta esclarece ainda que em nenhum momento os profissionais da UBS Cohab Fragata negaram atendimento ao paciente. A prefeitura ainda argumenta que a Guarda Municipal foi chamada pelo pai da criança, que não aceitou aguardar pelo acolhimento da equipe de Enfermagem e queria que o atendimento fosse feito imediatamente pelo médico.
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