Saúde
Atendimentos ambulatoriais seguem suspensos
Na Faculdade de Medicina da UFPel e no Campus da Saúde da UCPel são realizados apenas os serviços considerados essenciais
Jô Folha -
Desde o primeiro decreto municipal, publicado na segunda semana de março, em função da pandemia global do novo coronavírus, os atendimentos ambulatoriais da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (Famed - UFPel) e do Campus Dr. Franklin Olivé Leite da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) estão suspensos. Com isso, milhares de pacientes que dependem do serviço estão preocupados com seus tratamentos e receosos com o futuro. Entretanto, na última quinta-feira (23), um decreto estadual flexibilizou cirurgias e atendimentos eletivos.
Quem espera por esse retorno é Luciane Teixeira, 47. Diagnosticada com miomas em abril do ano passado, ela passou por uma série de exames até conseguir marcar, através do Campus da Saúde, de acordo com ela, uma curetagem com biópsia. A aposentada relata que essa análise seria a responsável por decidir os próximos passos do tratamento. Porém, o que aconteceria no último dia 16 foi cancelado e a única resposta encaminhada à paciente foi que não há uma data para agendar novamente o procedimento. Com sintomas como cansaço e fortes dores abdominais, ela conta que o sentimento é de angústia. “Não sei se não é um câncer”, desabafou. Em conversa com a coordenadora do curso de medicina da UCPel, Regina Bosembecker, ela explica que esse tipo de procedimento é considerado eletivo, por isso o cancelamento. Desse modo, ela indica que em casos de emergência os pacientes devem recorrer ao Pronto-Socorro de Pelotas (PSP), pois lá terão a estrutura necessária para os atendimentos. Com o novo decreto, a UCPel declarou que irá seguir as orientações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) sobre a retomada dos atendimentos eletivos.
Na Famed
Por lá, a situação não é muito diferente. Diagnosticado soropositivo em fevereiro, o paciente que preferiu não se identificar, procurou o Centro de Triagem e Aconselhamento (CTA) e de lá foi encaminhado ao Serviço de Assistência Especializada em HIV/ Aids da UFPel (SAE). Após a primeira consulta de enfermagem diversos exames foram solicitados e o primeiro atendimento com o infectologista marcado para o dia 9 de abril. “Como os exames pelo SUS não ficariam prontos em tempo hábil para a consulta, fiz tudo por laboratório particular”, contou. Uma semana antes da consulta ele tentou entrar em contato com o SAE, que não atendeu às ligações. No dia foi informado que, assim como todos os atendimentos ambulatoriais, a consulta tinha sido desmarcada. Sem saber o que fazer e receoso com o tratamento - que ainda nem havia começado - diversas alternativas foram tentadas, como ligações para a SMS, auxílio do poder legislativo e até uma denúncia ao Ministério Público (MP). “O fato é que apesar de ter sido diagnosticado no final de fevereiro, até o momento não consegui iniciar meu tratamento e começar a usar os antirretrovirais”, desabafou.
Conforme explica o diretor da Famed, Marcelo Capilheira, os atendimentos foram suspensos parcialmente após o decreto municipal. Inicialmente foram mantidos os serviços de oncologia (pacientes já em acompanhamento); saúde mental (receitas e pacientes crônicos graves); farmácia do SAE e pré-natal, sobretudo os de alto risco. Segundo ele, houve uma redução em torno de 90% dos atendimentos, considerando todos os ambulatórios da Famed. “Mantiveram-se as consideradas essenciais em um primeiro momento, seguindo as orientações dos gestores municipais”, explicou.
Sobre serviço do SAE, ele enfatiza que a dispensação de remédios segue funcionando e garante que os atendimentos a pacientes novos ou com intercorrências voltarão nesta terça-feira. “Estávamos discutindo o retorno há umas duas semanas com a SMS e HE/UFPel”, disse. O serviço de oncologia está sendo reorganizado para voltar a atender pacientes novos. De acordo com o diretor, está em negociação entre o HE e a SMS a questão dos atendimentos e exames de retaguarda, que são necessários para receber os novos pacientes. Com o novo decreto estadual, a Famed está se organizando para reabertura gradual de outros serviços, doentes crônicos e pediatria. Mas para isso ocorrer é necessário ponderar a disponibilidade de EPIs e médicos, pois muitos deles foram deslocados para atendimento nas escalas da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e enfermarias do HE.
O que diz a SMS
Em nota, a SMS informou que as cirurgias eletivas seguem suspensas, conforme estabelecido no artigo 9, do Decreto 6267, de 22 de abril, salvo se houver decisão médica em sentido contrário. A secretária Roberta Paganini tem reunião hoje com os hospitais de Pelotas para tratar do decreto estadual.
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