Em Pelotas

Ato pela paz marca o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

Evento no Mercado Central reuniu pessoas dos mais diversos setores e entidades na manhã de sábado

Foto: Jô Folha - DP - Evento reuniu representantes de diversas entidades ao longo da semana

Por Anete Poll
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O ato pela paz em defesa do estado laico aconteceu na manhã deste sábado (21), junto com o encerramento da Semana Municipal de Combate à Intolerância Religiosa, no Mercado Central, em Pelotas. O evento reuniu pessoas dos mais diferentes setores e entidades, que lembraram a data, e fizeram um balanço das atividades realizadas durante a semana.

O Babalorixá Juliano de Oxum, presidente do Conselho Municipal do Povo de Terreiro de Pelotas, iniciou sua fala, reforçando o porquê da data. "Esta semana de combate existe em razão de mãe Gilda de Ogum. Em memória póstuma desta mulher negra, que foi vilipendiada, foi chacotada e que teve seu terreiro invadido em outubro de 1999, por membros de uma religião evangélica".

Como forma de reconhecimento, o governo federal instituiu, em 2007, o 21 de janeiro como o Dia de Luta Contra a Intolerância Religiosa. Data em que pessoas de diferentes credos, raças, etnias, sexo celebram mais um passo a favor da dignidade humana para compartilhar caminhos que possibilitem o enfrentamento à: a intolerância religiosa.

A Semana de Combate a Intolerância Religiosa em Pelotas desenvolveu uma série de ações, com atividades presenciais e online. A intenção era discutir o tema em rodas de conversa, onde foram debatidos os desafios da diversidade religiosa para 2023. Foram realizadas ainda uma audiência pública e um seminário, com três mesas, que discutiram política, religião e democracia, enfrentamento à intolerância religiosa através da educação, estado laico e liberdade.

Conforme o Babalorixá Juliano de Oxum, Pelotas ainda tem muito a avançar na questão da intolerância religiosa. "Avançar enquanto política pública, enquanto judiciário e enquanto forças de seguranças. Não podemos falar em intolerância religiosa sem linkar com o racismo religioso. Quem mais sofre a intolerância religiosa são negros e negras, que professam a religião de matriz africana. Então as duas questões não podem ser discutidas separadamente", observou. Ele apontou ainda que 70% da população brasileira sofre intolerância religiosa. E, deste índice, 90% são negros e de religião de matriz africana.

"Então Pelotas precisa avançar e muito nas políticas públicas. Temos avançado muito nesta pauta, mas precisamos de ferramentas efetivas". Juliano sinaliza a existência de um cartório especializado na intolerância religiosa no Município, que muitas vezes não alcança quem precisa. "Iremos nos reunir com a equipe do cartório nos próximos dias, para efetivamente podermos esclarecer a população como chegar até a efetivação da denúncia."

O conselho também se reúne nos próximos dias, com diversas entidades, de vários setores, para passar a limpo as ações que foram realizadas ao longo da semana para encaminhar as questões tanto em âmbito municipal, quanto em estadual e federal. 

O vereador Paulo Coutinho (Cidadania), que estava presente ao ato, e o proponente da lei que criou a Semana de Combate a Intolerância Religiosa no Município, disse ser importante poder falar sobre o tema. "Quando se fala sobre intolerância religiosa, se fala sobre uma história de religião de Pelotas que no passar do tempo e mesmo com a evolução, está muito presente. Estamos evoluindo nas questões, mas temos ainda muito o que debater", comentou o parlamentar.

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