Kaingang

Autonomia pelas próprias mãos

Comunidade Kaingang Gyró, na colônia Santa Eulália, integra projeto desenvolvido pela Emater para potencializar a produção de artesanatos e o plantio de hortas caseiras

Jô Folha -

Dentro de uma sala em uma das cabanas na comunidade Kaingang Gyró, na colônia Santa Eulália, no interior de Pelotas, um grupo de indígenas conversa com técnicos da Emater sobre associativismo. A capacitação, na tarde desta quinta-feira (15), foi mais uma etapa do projeto-piloto desenvolvido pela Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) com famílias de povos e comunidades tradicionais em situação de extrema pobreza.

A parceria entre Emater e Anater foi firmada em 2017. Em Pelotas, um total de 11 famílias participam, sendo nove da aldeia Kaingang e duas da etnia Guarani. Com duração de dois anos, cada família e seu respectivo projeto recebem um aporte financeiro de R$ 2,4 mil para colocar em prática a ideia, planejada e executada pelos próprios núcleos em parceria com o órgão estadual.

Entre os objetivos da iniciativa, destaca o extensionista rural da Emater, Robson Loeck, é desenvolver atividades que gerem renda e contribuam para a autonomia das famílias e da comunidade. "No caso das famílias Kaingang, pela própria característica, foi voltado para a produção de artesanato, que parte já foi comercializado e o excedente foi utilizado para a construção de hortas na comunidade", destaca.

A aula sobre o associativismo tem um objetivo, indica o cacique Pedro Salvador Óréchá. Querem montar uma associação, articular atividades, vender o artesanato e sustentar as famílias. Esta união em torno de uma ideia, uma iniciativa, é reproduzida em sua liderança por assistência médica, educação e pela construção de um centro cultural na aldeia.

"Há mais de dois meses estamos sem visita de médico, que era do Posto da Maciel. A gente não pode ficar esquecido aqui pela prefeitura. Vamos seguir lutando para melhorar a vida das crianças e das nossas famílias", manifesta o cacique.

Da semente para a colheita
Próximo das casas, Volmir Kanijé Salvador mostra os novos seis canteiros plantados com a ajuda de um filho. Cercado com armações de bambu e sombrite, nascem os primeiros pés de alface, repolho, couve-flor e salsinha. Num pequeno galinheiro, a aldeia também cria galinhas e colhe ovos. Os resíduos viram adubo nas plantações.

Com orientações do agrônomo Márcio Carus Guedes, da Emater, a ideia é compostar resíduos orgânicos e guardar sementes para, aos poucos, diminuir a dependência de compra de sementes, por exemplo.

Culturalmente ligados à caça, a agricultura é uma novidade já repassada para as novas gerações, que ajudam a preparar a terra e aprendem a plantar seu próprio alimento. "É uma forma de ensinar elas. A gente já está comendo o que plantamos", diz Volmir, com um filho no colo.

Na Aldeia Gyró habitam 16 famílias em uma área de sete hectares desde agosto de 2017.

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