Barreiras

Buracos e mais buracos na colônia

Motoristas precisam de cuidado e bons amortecedores para circular por algumas das estradas do interior do município

Gabriel Huth -

Quando chove forte, como ocorreu há pouco mais de uma semana, fica quase intransitável. Porém, até mesmo em dias de tempo firme é difícil percorrer com tranquilidade algumas das principais estradas da região colonial de Pelotas. A reclamação é constante por parte de moradores e foi constatada pelo Diário Popular durante a última semana, ao percorrer cerca de 60 quilômetros em vias principais - por onde circula o transporte coletivo - e também em secundárias.

Logo no começo do Monte Bonito, 9º Distrito, a primeira amostragem dos problemas tão reclamados por quem vive na região. Basta sair da BR-116, logo depois do antigo posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e os buracos começam. Em um veículo de passeio, como o utilizado pela reportagem, são raros os momentos em que se pode fazer uma quarta marcha e passar de 40 km/h.

Morador da estrada do Reservatório Sinott, o agricultor Bento Dravanz, 68, pega o rumo do centro da cidade pelo menos duas vezes por semana para vender hortifrútis. E fica na bronca com a falta de cuidado com regiões que produzem alimentos. "Eu passo uma trabalheira para ir para as feiras, tem que ir desviando da buraqueira. Quem tem carro pequeno passa sufoco e já vi uns quantos empenhados", conta, apontando para valas laterais obstruídas que impediriam a drenagem da pista em dias de chuva. "Faz um tempo que não tenho visto o pessoal da prefeitura", observa.

E não são apenas agricultores que utilizam as estradas para escoar a produção que reclamam. Cada um à sua maneira, usuários e funcionários do transporte coletivo apontam os transtornos que a precariedade dos caminhos do interior causam. Ao enxergar a reportagem, duas moradoras que entravam em um ônibus a caminho da cidade reclamaram do atraso de 15 minutos. Após elas partirem, o cobrador Edenilson Timm, 27, que estava no local esperando carona, desabafou. "Não tem como não dar atraso. É só olhar as estradas aqui do Bacchini, do Grupelli. Tem valetas tão grandes que caberia encanamento dentro delas. Se o ônibus andar rápido ou quebra ou pode causar um acidente."

Sem ônibus, pior ainda
Andar - e morar - em vias secundárias é um desafio ainda maior. Tanto no Monte Bonito quanto em outras regiões como Ponte Cordeiro de Farias, no 7º Distrito, Vila Nova, no 9º Distrito, ou Cascata, no 5º Distrito.

Com a calma de quem diz já ter desistido de ver uma máquina passar em frente da sua casa, o aposentado Colmar Oliveira, 69, diz que há menos de uma semana o genro que tentava fazer uma visita precisou ter o carro rebocado porque não conseguiu vencer os buracos, as valetas e as pedras da estrada do Alto da Cruz. "Moro aqui há 28 anos e posso dizer que nunca esteve tão abandonada. São pelo menos cinco sem a prefeitura arrumar. Nunca foi muito boa, mas pelo menos vinham uma vez por ano dar um jeito", lamenta.

Responsável pela manutenção de máquinas em uma indústria de Pelotas, Gilnei Larroque dos Santos, 42, sai diariamente do Passo do Pilão e não esconde a indignação pelas diversas vezes em que o ônibus em que estava ficou atolado por circular após um dia de chuva. "Quando se cobra uma solução do município a resposta é sempre a mesma, que é preciso esperar o tempo firmar, a estrada secar. Tivemos todo o verão seco e nada foi feito. Como será no inverno?", questiona.

Pouco para atender muito
O secretário de Desenvolvimento Rural, Jair Seidel, nega que as más condições das estradas sejam permanentes. Segundo ele, a trafegabilidade era boa até o final de semana passado, quando a chuva forte deteriorou muitas vias. Com isso, afirma que ficou impossível fazer manutenção nos últimos dias devido ao terreno continuar úmido. "Colocar uma patrola a trabalhar nestas condições só pioraria a situação", argumenta.

Com três patrolas, três retroescavadeiras e quatro caçambas para atender 1,2 mil quilômetros, o secretário admite que em alguns pontos, sobretudo em vias secundárias, a manutenção fica mais difícil. "Não há equipamentos suficientes para que a gente possa dar conta de tudo na velocidade que gostaríamos", diz. Seidel aposta na liberação de financiamento do Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata) para reforçar o parque de máquinas e qualificar as vias. São 20 milhões de dólares para asfaltamento de 18 quilômetros de ruas e estradas, requalificação de outros 300 quilômetros de acessos vicinais, construção de novas pontes, implantação de redes de água potável e aquisição de patrulhas agrícolas.

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