Paralisação

Caminhoneiros decidem por manutenção da greve por tempo indeterminado

Enquanto isso, parte das cirurgias eletivas é suspensa e prefeitura de Pelotas decreta situação de emergência preventiva

Paulo Rossi -

Atualizada às 22h21min.

As consequências da greve dos caminhoneiros podem se agravar na região. A categoria decidiu, por unanimidade, manter a paralisação por tempo indeterminado, após reunião no final da tarde desta terça-feira (29), em Pelotas. A posição, que segue tendência adotada em outros pontos de mobilização no Rio Grande do Sul, foi tomada cerca de sete horas depois de a prefeitura decretar situação de emergência preventiva. Enquanto isso, parte das cirurgias eletivas - em que os pacientes não correm risco de morte - está suspensa em Pelotas.

A interrupção dos procedimentos cirúrgicos tem objetivo claro: evitar que materiais ou medicamentos possam ser insuficientes para quadros de urgência e de emergência. A prioridade é manter os serviços essenciais em funcionamento - garantiu a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB).

Os esforços estarão concentrados não apenas para suprir insumos na área da saúde, como a logística que já tem ocorrido - através de escoltas - para buscar materiais de hemodiálise e de enfermagem e gás de cozinha. Nesta quarta, o alvo serão os quimioterápicos. Com a situação de emergência, o governo também centrará forças em outras frentes, como o transporte de produtos para o tratamento de água.

A chegada de mais combustível à cidade, para assegurar o abastecimento de veículos oficiais e de terceirizados, como os caminhões de recolhimento de lixo e, principalmente, da frota que faz o transporte coletivo urbano, também desponta entre os grandes alvos.

Ônibus nas ruas até quando?
A circulação dos ônibus está garantida para esta quarta-feira, com horário de sábado. Uma determinação da prefeitura de que o Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP) deve colocar a frota na rua durante o feriado de Corpus Christi, ainda que com horário de domingo, forçará novo planejamento dos empresários. Uma reunião na manhã de quarta colocará o tema em pauta.

"Como veio esta determinação do governo, vamos ter que acatar, mas teremos que refazer o planejamento", afirma o secretário executivo do CTCP, advogado Enoc Guimarães. E admite: se não tiverem acesso a, pelo menos, mais 20 mil litros de óleo diesel, a próxima segunda-feira poderá ser de interrupção nos serviços.

A posição dos caminhoneiros
As muitas dúvidas deixadas pelo governo de Michel Temer (MDB) sobre a política de preços do óleo diesel e a demora na votação de projetos, como o que regula o preço mínimo do frete no Senado Federal - aguardado há cerca de dois anos - estão entre as principais razões para a categoria ainda não ter se afastado das estradas em todo o país, apesar das promessas de regime de urgência efetuadas nos últimos dias.

"Não basta o governo anunciar que irá baixar R$ 0,46 no litro do diesel, mas ainda não percebemos o impacto na bomba. Além disso, queremos saber como vão ficar os aumentos passado o prazo de dois meses", enfatiza o caminhoneiro Antônio Arlan da Rocha, 37. E enquanto permanece longe de casa, em Não-Me-Toque, o trabalhador autônomo defende que a categoria mantenha o movimento, enquanto a série de dúvidas se mantém sem respostas.

A proposta que acaba com as desonerações e zera o Pis-Cofins sobre o diesel também era mais um dos temas que seguia em aberto nesta terça-feira no início da noite, em Brasília.

O que diz o governo federal
Em um encontro de mais de seis horas, o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, afirmou em comissão geral na Câmara dos Deputados que será estudada proposta para reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis para o consumidor. Para isso, seria necessário modificar a estrutura tributária que incide sobre esses produtos, que envolvem tributos federais - PIS/Cofins e Cide - e o principal imposto estadual, o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Em nota conjunta, nesta terça, os presidentes da República, Michel Temer, do Senado Federal, Eunício Oliveira, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, conclamaram todos os envolvidos nas manifestações a retornarem ao trabalho. Há necessidade indispensável de abastecer todos os setores da economia nacional, particularmente aos que dizem respeito a alimentação, medicamentos e combustíveis. No documento, os três voltaram a sustentar que as reivindicações da categoria já teriam sido acolhidas.

Nova corrida aos postos
O 9º dia de greve, terça, também foi marcado por nova corrida aos postos de combustível. Ao todo, em torno de 20 caminhões foram escoltados pela Brigada Militar (BM) e pelo Exército. No final da manhã, por volta das 11h, as saídas de Pelotas em direção a Rio Grande, chegaram a ser fechadas pelo Exército em função da chegada do comboio.

Na sequência, repetiu-se a cena de segunda-feira: longas filas, longa espera para tentar abastecer os veículos. Os estabelecimentos, entretanto, adotaram medidas distintas. Alguns definiram a cota em R$ 100,00, outros em 40 litros de gasolina e outros permitiram aos consumidores encher o tanque.

Participe!

Dia Nacional de Luta em Pelotas
Quando: Nesta quarta-feira, 30 de maio, a partir das 17h
Onde: Largo Edmar Fetter

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Impasse entre Parente e petroleiros Anterior

Impasse entre Parente e petroleiros

Próximo

"Agora posso dizer que a casa é minha"

Deixe seu comentário