Proteção
Campanha da UFPel pretende fabricar uma máscara por habitante
Unidade Cuidativa da Universidade Federal de Pelotas quer produzir 342 mil unidades para combate ao Covid-19
Rosemeri tem como meta confeccionar 50 máscaras por dia (Foto: Carlos Queiroz - DP)
Trezentas e quarenta e duas mil máscaras de proteção. Esse é o objetivo do projeto encabeçado pela Unidade Cuidativa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Há uma semana sendo praticado, o Máscaras Cuidativas busca costureiras voluntárias para trabalharem de suas casas e pede que toda população contribua com tecidos e roupas de algodão, para, assim, conseguir proteger toda a comunidade pelotense da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Com a mudança de recomendação do Ministério da Saúde (MS), que anteriormente defendia o uso da proteção apenas para contaminados e agora pede que todos utilizem a máscara caso precisem sair de suas casas, a Unidade Cuidativa resolveu fazer sua parte e honrar seu histórico de trabalhos voluntários. A médica e coordenadora do local, Julieta Fripp, explica que uma máscara caseira pode proteger em até 75% o indivíduo e que em outros países que essa tática foi recomendada os números se tornam animadores perto do cenário atual de algumas nações. A meta inicial do grupo, que hoje conta com somente quatro costureiras, é produzir, pelo menos, uma máscara para cada habitante. "Mas o ideal é a pessoa ter no mínimo duas, visto que ela pode ser higienizada e utilizada novamente", ponderou. A coordenadora também salienta que mesmo que a intenção seja produzir muitas máscaras, a produção caseira não precisa parar, visto que qualquer um pode confeccionar a própria máscara.
No momento, o foco da campanha é construir uma rede de costureiras. Com isso, as voluntárias trabalharão em casa e outro grupo organizado pela Cuidativa será responsável por entregar o material necessário. Depois disso, todas as máscaras confeccionadas serão entregues a uma equipe, fora do grupo de risco, que irá até os bairros realizar a entrega. A coordenadora conta que as atividades se iniciaram há uma semana e cerca de cem máscaras já estão prontas. "Precisamos de mais costureiras, precisamos ser rápidos", alertou Julieta. Quem não possui habilidades com a máquina de costura também pode ajudar. Esses, podem doar qualquer tipo de elástico e tecido que contenha no mínimo 70% de algodão e também roupas nessas mesmas condições, desde que em bom estado e higienizadas. Todas as doações serão transformadas em proteção. Quem quiser colaborar pode deixar as doações na Unidade Cuidativa, localizada na avenida Duque de Caxias, 104 - antiga Laneira.
Quem entrou para esse time de voluntárias foi a costureira Rosemeri Prestes, 55. Desde que a pandemia chegou nos Pampas ela começou a produção. Os primeiros a receberem as máscaras foram os familiares e vizinhos. "Minha intenção sempre foi preservar a saúde de todos", disse. No início da semana, Rosemeri soube da iniciativa e resolveu somar. Na sexta-feira, a costureira produziu 25 proteções, mas garante que é possível mais. "Quero confeccionar cerca de 50 por dia", contou. O apelo dela à comunidade é que doem. "Eu não tenho como comprar material, então precisamos das doações", pediu. Alguns exemplos de tecidos citados que podem ser doados, segundo ela, são lençóis antigos e chita. "Tudo isso vira máscara", garantiu, e animada já contou que caso chegue bastante material já tem uma vizinha disposta a ajudá-la.
O que diz o MS?
Desde o início da pandemia, uma corrida para conseguir máscaras de proteção fez com que elas desaparecessem das prateleiras. Com isso, o MS passou a preocupar-se que os profissionais de saúde poderiam ficar sem o principal item de proteção destinado a eles, então passou a orientar a produção de modelos caseiros e simples.
Segundo o Ministério, o modelo de pano feito em casa é simples, eficiente e não exige grande complexidade na produção e pode ser um importante aliado no combate à propagação do coronavírus no Brasil. Um ponto destacado pela pasta é que a máscara não pode ser dividida com ninguém e deve ser feita preferencialmente em tecidos de algodão, desenhadas e higienizadas corretamente. O importante é que a máscara seja feita nas medidas corretas, cobrindo totalmente a boca e o nariz, sem deixar espaços nas laterais.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, garante que não precisa de especificações técnicas para confeccionar uma máscara de proteção. "Ela faz uma barreira tão boa quanto as outras máscaras. A diferença é que ela tem que ser lavada pelo próprio indivíduo para que se possa manter o autocuidado. Se ficar úmida, tem que ser trocada. Pode lavar com sabão ou água sanitária, deixando de molho por cerca de dez minutos", completou.
Como fazer a sua máscara?
Em primeiro lugar, é preciso dizer que a máscara é individual. Não pode ser dividida com ninguém, nem com mãe, filho, irmão, marido, esposa etc. Então se a sua família é grande, saiba que cada um tem que ter a sua máscara, ou máscaras.
A máscara deve ser usada por cerca de duas horas. Depois desse tempo, é preciso trocar. Então, o ideal é que cada pessoa tenha pelo menos duas máscaras de pano.
Mas atenção: a máscara serve de barreira física ao vírus. Por isso, é preciso que ela tenha pelo menos duas camadas de pano, ou seja, dupla face.
Também é importante ter elásticos ou tiras para amarrar acima das orelhas e abaixo da nuca. Desse jeito, o pano estará sempre protegendo a boca e o nariz e não restarão espaços no rosto.
Use a máscara sempre que precisar sair de casa. Saia sempre com pelo menos uma reserva e leve uma sacola para guardar a máscara suja, quando precisar trocar.
Chegando em casa, lave as máscaras usadas com água sanitária. Deixe de molho por cerca de dez minutos.
Para cumprir essa missão de proteção contra o coronavírus, serve qualquer pedaço de tecido, vale desmanchar aquela camisa velha, calça antiga, cortina, o que for.
Ajude também
As doações podem ser deixadas no prédio da antiga Laneira, onde funciona a Unidade Cuidativa, na avenida Duque de Caxias, 104. Para quem deseja contribuir com a rede de costureiras basta entrar em contato pelos telefones (53) 98116-5430, (53) 98432-5474 e (53) 98445-9602
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