Problema

Canal de drenagem na Santa Terezinha incomoda por mau cheiro e insetos

Reclamações constantes de forte odor, ratos, baratas e mosquitos têm sido registradas por quem vive próximo ao escoadouro; segundo o Sanep, a dificuldade de acesso impede a entrada de equipamentos para limpeza do local

Foto: Volmer Perez - DP - Situação gera incômodo na população

Uma das preocupações mais recentes da população tem sido relacionada aos casos de potenciais focos para crescimento do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue. Depois da última explosão de casos da doença pelo Brasil, é comum às pessoas que pontos com água parada possam servir de oficinas para a proliferação do inseto. Esse fator ganha força quando somado ao acúmulo de lixo e presença de densa vegetação, trazendo outros problemas como enchentes ou aparecimento de animais. Na Santa Terezinha, no bairro Três Vendas, um canal de drenagem que atravessa a região tem gerado preocupação nos moradores locais por conta da situação em que se encontra.

De longe, a vegetação que toma conta dos arredores aponta o lugar exato do desaguadouro. Conforme se aproxima do local, fica mais evidente o cenário de poluição e sujeira que existe. Já é possível sentir um forte odor a cerca de 20 metros de distância da ponte que se transpassa ao córrego, e o cheiro fica mais intenso a cada passo dado. À beira da ponte, de frente para o canal, é possível notar que a água segue seu fluxo, porém, se aloca sobre itens que foram jogados ali, como pedaços de pias, pneus e demais artefatos que restam encalhados. Nesses pontos, a água se mantém suspensa e paralisada, contexto ideal para se transformar em um vivedouro do mosquito da dengue.

Além da poluição e denso matagal, o olhar mais ampliado permite a percepção de diversas tubulações vindo da direção das residências. Não se sabe ao certo o que esses canos despejam para o interior do canal, mas o cheiro horrível no local pode dar pistas do que se trata o despejo. "É um canal enorme, o esgoto das pessoas vai direto pra esse canal", disse uma moradora que não se identificou. Esse conjunto de situações torna o ambiente propício para o aparecimento regular de ratos, baratas e outros animais peçonhentos. A moradora Neiva Madrugada, de 62 anos, passa a maior parte do tempo na casa da irmã, localizada ao lado do canal. "É um cheiro fora do comum, sujeiras que atiram, pedaços de sofá, geladeira, vaso sanitário, pneu de carro, poltrona, colchão", citou a mulher.

Segundo ela, é imprescindível a colocação de veneno e armadilhas para ratazanas nos cantos do pátio, pois o animal aparece com frequência. "Se a gente não colocar veneno por todos os cantos, convivemos com ratos. E não são ratinhos, são ratos consideravelmente grandes", disse. Inclusive, ela conta que anteriormente tinha um felino que ajudava no trabalho de afastamento do roedor. Rodeada de mosquitos, a mulher também destaca a preocupação com os insetos, tendo em vista o surto de casos de dengue no País. "Temos um bebê aqui, outro menino maior, o esposo dela (irmã) é doente", explicou. O assunto abriu uma prerrogativa sobre o uso da estratégia para redução do mosquito no bairro. "Não existe a possibilidade daquele fumacê? Não se vê mais."

Ainda, a mulher conta que há muito anos outro ponto do canal foi drenado, o que impediu as frequentes inundações por um determinado período de tempo. Um muro duplamente reforçado é o que separa o pátio externo do sobrado da água que flui na canaleta. "Aqui, quando chove, fica naquela marca ali", apontou Neiva, em direção à linha na parede, um metro acima do chão. "Já teve perigo de romper, por isso os dois muros. O primeiro já estava cedendo e foi feita outra contenção."

O Sanep, em relação ao canal

A manutenção desse canal é de responsabilidade do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep). De acordo com a autarquia, trata-se de um canal que historicamente compõe o sistema de macrodrenagem, de acesso extremamente difícil, pois os imóveis alocados às margens do canal inviabilizam que a manutenção seja feita de forma completa, com maquinário. Por serem habitações irregulares que impedem a entrada dos equipamentos, o Sanep executa a limpeza dentro das possibilidades, junto às pontes sobre o canal.

O sistema de esgoto em Pelotas

Ainda segundo a autarquia, a questão do esgoto não se trata de algo pontual e nem mesmo é restrita à região do entorno do canal na Santa Terezinha. As soluções para a universalização do esgotamento sanitário são complexas e, no momento, o Sanep conta com um planejamento extenso para atingir esta meta em Pelotas por meio da locação de ativos. Está em finalização a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Novo Mundo, com quase 90% das obras finalizadas e previsão de término para 2024, que irá tratar todo o efluente da zona norte da cidade, com um investimento superior a R$ 30 milhões somente na ETE. Quando amplia-se o investimento e inclui-se as adequações necessárias em todo o sistema de esgoto para operacionalizá-la, ele ultrapassa os R$ 150 milhões. Com a estação em funcionamento, o Município dará um salto para aproximadamente 40% do efluente tratado, na projeção da autarquia.

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