Nem a previsão de chuvas e o céu acinzentado desmotivaram o público que compareceu desde as primeiras horas da manhã deste sábado (2) nos cemitérios de Pelotas para reverenciar os seus mortos. No Fragata, por exemplo, o São Francisco de Paula a movimentação era grande desde a abertura dos portões às 7h. A expectativa da administração é de que o local receba até o final do dia cerca de oito mil pessoas, contando a partir de sexta-feira (1).

A agente administrativa Joice Farias disse que nestes dias há muita movimentação também em torno de informações. Muitas pessoas procuram a administração para localizar túmulos ou tentar a transferência dos restos mortais dos parentes. "Como nestes dias ocorrem muitas promoções nos valores dos jazigos, as famílias aproveitam para comprar e depois nos procuram para fazer a remoção", conta.

Quem foi até o Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, neste sábado, também teve a oportunidade de assistir a uma das três missas programadas. Duas delas ocorreram às 9h e 10h30min. O próximo horário está marcado para as 15h.

A administração espera que o tempo aguente sem chover, pois todas as celebrações estão ocorrendo no jardim, por causa do número de pessoas. Na das 10h30min cerca de 200 pessoas participaram. "Colocamos 160 cadeiras e mesmo assim faltaram, muitas pessoas ficaram de pé", diz Joice.

Mas não só os católicos receberam palavras de alento neste dia em que muitos se emocionam ao lembrarem dos familiares e amigos que se foram. Religiosos da igreja Palavra Viva promovem uma ação durante todo o dia na qual distribuem abraços e palavras afetuosas.

O pastor Leonardo explicou que a igreja se alicerça na palavra bíblica que afirma ser a morte uma passagem para a vida eterna. "Queremos levar um afago, um momento de carinho, demonstrar amor e externar que a vida pode ser melhor. Demonstrar através do abraço o que cremos."

O mais visitado

Mais uma vez o túmulo mais visitado foi o da Cigana Terena. No jazigo coberto por placas de agradecimentos por graças alcançadas os devotos depositam, velas, flores, cigarros, dinheiro e até joias, entre outras ofertas. Segundo Joice é preciso ficar cuidando porque muitos vândalos vão até o local somente para saqueá-lo. "Nem esperam as pessoas saírem."

Uma das devotas, a dona de casa Clara Barcelos, 57, contou que é umbandista e tem muita fé no povo cigano. Há muitos anos ela não deixa de fazer sua reverência a Terena nesta época do ano. "Já tive muitas graças alcançadas."

Hora das flores
A movimentação no interior do cemitério se reflete também no lado externo onde estão as bancas comercializando flores. Os comerciantes depositam nessa data alta expectativa e por isso se preparam levando opções de flores naturais e artificiais para diferentes gostos.

A vendedora Pâmela Goulart, 30, estava animada no seu primeiro ano de vendas no finados, na floricultura JG Flores. "É uma data especial."

Entre as flores mais procuradas estão a rosa e o crisântemo, que estavam sendo vendidas a R$5,00. Quanto a preferência do público, Pâmela disse que depende muito da necessidade do cliente. Os que têm menos tempo para ir ao cemitério mais vezes ao ano preferem as flores artificiais, para estes os buquês são bem-vindos. Os de preço mais acessíveis podem ser encontrados a R$5,00.

Chegando ao local a família Jurgina procurava por flores. A pedagoga Roselaine, 50, foi com o marido Fábio, 51, e a filha Laura, 25. "A gente sempre vem no dia de Finados ou um pouco antes também", contou.

Roselaine disse que acredita que os mortos estão em outro plano espiritual, mesmo assim, para ela é muito importante ir até o cemitério, neste e em outros dias. "Representa que ainda temos cuidado com quem se foi."