Saúde

Ceron da Santa Casa não aceita pacientes há 8 dias

Falta de medicamentos afeta quimioterapia e distribuição de remédios para tratar o câncer

Gustavo Mansur -

Pela primeira vez, em seis anos, Marcia Cristina Prado, 50, não tomou o Anastrozol - medicamento responsável por prevenir o retorno do câncer de mama. Já são oito dias da interrupção do tratamento, cujo remédio era disponibilizado pelo Centro de Radioterapia e Oncologia da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas (Ceron) de forma gratuita. Uma sessão de quimioterapia da adolescente Tamires Ferreira, de 16 anos, também foi cancelada. No entanto, o problema não é pontual. O atendimento a todos que necessitam das medicações estão suspensos desde a quinta-feira da semana passada. Conforme a Secretaria Municipal da Saúde o problema ocorre por falta de repasses do governo do Estado.

Já não bastasse o tratamento contra o câncer ser um processo delicado, os pacientes do local se deparam há dez dias com a angústia da espera. Marcia buscou saber o valor do remédio: R$ 180,00 - um custo alto, que sai do planejamento financeiro da paciente. Ela conta que a doença afetou gradualmente as duas mamas - em um primeiro momento, em 2008 e, novamente, em 2011 - e que hoje luta para que não volte. “Não é como uma gripe ou outra doença que se pode tratar amanhã. É um câncer”, desabafa. A orientação médica é de que, por tratar-se de uma “hormonioterapia”, não é recomendado parar com o medicamento nunca.

Angústia que também afeta a família de Tamires Ferreira, de 16 anos. Filha do entregador de jornal Luis Fernando Ferreira, 46, a jovem luta contra a leucemia desde o ano passado. Com a melhora evidente após sessões de quimioterapia no Ceron, que ocorrem a cada 15 dias, o medo que a falta da última sessão no organismo resulte em regresso é presente. A suspensão de atendimento foi informada quando a menina foi levada ao local para dar continuidade no tratamento e sequer uma ligação com antecedência foi feita. Também não se sabe quando tudo voltará ao normal. “Existem pessoas que chegam de outras cidades e dão de cara na porta”, disse Luis. Tentando buscar uma solução, o pai foi até a Santa Casa e recebeu a informação de que tudo seria resolvido. Mas até agora, apesar das ligações feitas no mínimo duas vezes ao dia, nada foi solucionado.

Falta de repasses
O Ceron, serviço terceirizado pelo Hospital, está sem receber a segunda parcela referente ao mês de novembro de 2015 que não foi repassada pela Santa Casa. Conforme funcionários da empresa, a organização não possui autorização para dar detalhes sobre o assunto e, procurada pelo Diário Popular desde a sexta-feira passada, a Santa Casa preferiu não se manifestar. No entanto, de acordo com a secretária municipal de Saúde, Arita Bergmann, o hospital aguarda repasses do governo do Estado, cujo valor gira em torno de R$ 300 mil. A verba não é destinada especificamente ao serviço de oncologia, e sim de incentivo hospitalar. Mas a gestão do valor é feita sob decisões da instituição.

A secretária ainda ressalta que o município está em dia com os pagamentos do hospital, inclusive em relação aos recursos de alta complexidade, como de tratamento de câncer. E que irá tomar providências necessárias em relação ao Ceron por considerar inadmissível que o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) seja penalizado. “Eu duvido que o Ceron se mantenha só da iniciativa privada. Só do SUS, para radioterapia e quimioterapia são R$ 377,96 mil mensais em recursos”, informa.

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