Mal o primeiro dia útil do novo ano havia começado e muitos pelotenses já foram lembrados de que, na realidade, nem tudo mudou. Com a chuva que acumulou 86,6 milímetros de acordo com o monitoramento do Sanep, alagamentos conhecidos de moradores de diferentes regiões voltaram a se repetir nesta terça-feira (2).

Depois da madrugada de chuva, ciclista enfrentou dificuldades nesta terça-feira (Foto: Gustavo Huth)

A seu modo, cada um tentou enfrentar e minimizar os problemas. Logo pela manhã, motoristas que tentavam retomar a rotina de trabalho após o feriadão apelaram a manobras pouco usuais. Na avenida Fernando Osório, próximo ao entroncamento com a Dom Joaquim, muitos subiram a calçada e andaram por cima da Praça do Colono. Dentre os que se arriscaram pela via, houve quem ficasse pelo caminho e fosse guinchado.

Dentre os que conseguiram chegar ao trabalho, teve quem precisou dividir a atenção entre atender os clientes e limpar a bagunça. Na avenida Bento Gonçalves, vassouras e panos ainda eram vistos próximo ao meio-dia. Funcionária de um restaurante entre as ruas Marechal Deodoro e Santa Tecla, Leda Griep passou parte da manhã lutando contra o alagamento, jogando a sujeira para fora com um rodo. Luta injusta, pois a água invadia o estabelecimento com mais força à medida que era jogada para dentro pelos veículos que cruzavam a avenida. “Há 15 anos o restaurante existe e sempre foi assim. Fizeram as obras na Bento e disseram que ia melhorar, mas continua acontecendo esse tipo de coisa”, reclama.

Na região do Porto, situação ainda pior. Na rua Gomes Carneiro os moradores improvisaram o isolamento do trecho entre a Xavier Ferreira e a Visconde de Jaguari. Cavaletes e faixas de isolamento foram usadas para desviar o trânsito. O problema de alagamento próximo ao porto é tão antigo e sem solução - apesar dos insistentes apelos dos moradores - que o corretor de imóveis Vinicius Garcia tomou uma atitude drástica. Retirou a porta da frente da casa e fechou a abertura com tijolos e cimento. “Já cansei de perder sofás, tapetes. É uma pena, mas é cada um por si, todo mundo dando o seu jeito para sofrer menos com a água dentro de casa”, resigna-se.

Água invadiu estabelecimentos na avenida Bento Gonçalves (Foto: Gabriel Huth)

Sanep considera drenagem eficiente
Na avaliação do diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia, o sistema de drenagem funcionou bem e evitou transtornos ainda piores. Segundo ele, somente no intervalo entre 7h e 8h15min foram registrados 65 milímetros de precipitações.

“Tivemos problemas em alguns locais que historicamente alagam, como a Gomes Carneiro, a Juscelino Kubitschek, Bento Gonçalves. Mas de forma geral o escoamento foi bem rápido e no começo da tarde a maioria dos pontos já estavam secos”, aponta.

Garcia assegura que todas as casas de bombas foram acionadas e funcionaram normalmente. Durante a manhã o equipamento instalado próximo ao Anglo, no Porto, foi desligado por duas vezes devido ao lixo que se acumulou. Até um sofá foi encontrado em meio à sujeira.

UBS atingidas
A chuva atrapalhou também o atendimento de saúde a moradores do Areal. As duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Bom Jesus e do Dunas tiveram que suspender as atividades temporariamente após o alagamento das instalações no começo do dia.

Na Bom Jesus, a água invadiu o posto e obrigou funcionários a dedicarem toda a manhã à limpeza e reorganização. As portas foram abertas ao público às 13h30min. Pacientes com consultas agendadas tiveram o atendimento remarcado para hoje.

Já na UBS do loteamento Dunas a assistência aos moradores será retomada apenas hoje, visto que o acúmulo de água na estrutura foi maior.

Defesa Civil
Durante toda a terça-feira a Defesa Civil monitorou os pontos com maior acúmulo de água. Apesar dos alagamentos, não foram registrados pedidos de remoção ou ocorrências graves. Mesmo assim, o tenente Paulo Darci dos Santos destaca que a equipe de apoio pode ser acionada através do telefone 153.