Agronegócio
Colheita do Arroz é aberta no Capão do Leão
Após três dias de evento discutindo as diretrizes do setor, ato oficial com presença de autoridades marcou o pontapé inicial da safra
Paulo Rossi -
Agora sim: começou oficialmente a safra do arroz. Na tarde de sexta-feira (22), o ato de encerramento da 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz marcou o pontapé inicial para o período mais aguardado pelos agricultores. Há previsão de quebra pelos fatores climáticos, como chuvas fora de época, principalmente na Fronteira Oeste, e luminosidade. Os três dias de evento serviram para discussões quanto às diretrizes da cadeia produtiva, em busca de melhores condições de mercado para rentabilizar mais o produto, responsável por mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho.
Com presença de autoridades, como o governador Eduardo Leite (PSDB), o senador Luís Carlos Heinze (Progressistas), prefeitos e deputados estaduais e federais, além de lideranças ligadas ao agronegócio, a população também compareceu em peso. O espaço destinado ao ato da colheita encheu rapidamente. As colheitadeiras de três marcas de patrocinadores faziam o serviço na área preparada pela equipe da Embrapa na Estação Experimental Terras Baixas, no Capão do Leão. Elas também traziam o governador, acompanhado de outras figuras de destaque. Ao final do ato, que contou com mais de uma dezena de discursos, o arroz colhido foi largado em um silo simbólico e jogado para o alto. Assim, estava declarado o início da safra.
O chefe de estação da Embrapa, Clenio Pillon, comemorou o fato de ter em casa um evento deste porte, com pessoas vindo do país inteiro - e até do exterior. "Nós somos um espaço diferenciado de pesquisa", disse ao Diário Popular. O evento, para ele, traz a consolidação da instituição pública, ao lado de parceiros. No próximo ano, tudo indica que o local receberá novamente a abertura da colheita. O presidente da Embrapa, Sebastião Barbosa, também celebrou o fato de sediar o grande evento. Garantindo que a instituição seguirá se adaptando ao anseio dos agricultores, prometeu ser ainda mais atuante e próximo do trabalhador.
Em sua fala, o senador Heinze prometeu trabalhar na busca por soluções para a crise que o setor vive, com baixa rentabilidade. "Estamos empenhados em resolver os impasses", garantiu, referindo-se principalmente à concorrência, que considera desleal, do arroz vindo de outros países do Mercosul. A saída apontada por ele foi rever os impostos, por entender que tiram a competitividade do produto. O secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho, seguiu a mesma linha, prometendo que o Estado irá dialogar com Brasília para aliviar a crise.
Empenho para contornar a crise
Representando a ministra Tereza Cristina, o secretário nacional de Política Agrícola, Eduardo Sampaio, elogiou a produtividade do Estado e garantiu um olhar para os problemas. De início, prometeu linha de crédito acessível do Banco do Brasil, com um fundo de R$ 500 milhões, para apoiar a estocagem, mirando uma alta nos preços para o segundo semestre. Para lidar com a concorrência do Mercosul, disse que irá negociar um ordenamento na importação. Visando a ampliação da valorização no exterior, projeta também a abertura de novos mercados. Segundo ele, Tereza Cristina já negocia com vários países, sendo com o México o diálogo mais avançado, com a resposta positiva, podendo vir já nesta segunda-feira. "Estamos trabalhando para encontrar soluções estruturantes", garantiu.
A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), através do presidente Henrique Dornelles, pediu diálogo para resolver impasses. Segundo ele, incentivos fiscais de outros estados poderiam ser usados para comprar arroz gaúcho. Com a competitividade nas colheitas garantida, ele diz que o mercado é o culpado pelo insucesso financeiro dos produtores.
Encerrando a tarde de discursos, o governador Eduardo Leite prometeu ampliar as condições de competitividade. Para isso, porém, diz ser preciso associar qualquer ação à agenda de reestruturação do Rio Grande do Sul. "As reformas são fundamentais para que o Estado deixe de demandar em impostos do setor produtivo." Eduardo diz que as diretrizes da sua gestão vão no mesmo sentido que o setor produtivo, sendo preciso dar confiança.
Questionado quanto à possibilidade de redução no ICMS ligado à exportação de arroz, o governador disse que um grupo técnico analisa as possibilidades, mas que é preciso ponderar os reflexos em toda a cadeia produtiva, inclusive na indústria, sempre ouvindo as demandas de todos os setores. Ele prometeu fazer os impostos voltarem em investimento e pesquisa, mas tornou a lembrar que a agenda de reformas é necessária para encontrar um equilíbrio para isso.
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