Orizicultura
Com diminuição na área, Zona Sul já começou a colheita do arroz
São quase onze mil hectares a menos na região, em comparação com a safra passada
Paulo Rossi -
Com a safra 2017/2018 do arroz ainda no início, a colheita na Zona Sul é baixa. Com expectativa de diminuição na produção, comparando com a safra passada, a Zona Sul perdeu 6% de sua área plantada, com o decréscimo de quase 11 mil hectares.
O coordenador regional do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), André Matos, aponta que ela foi iniciada na última semana, após ter sido lançada oficialmente em evento em Cachoeirinha, mas até agora menos de 10% dos produtores começaram os trabalhos. No entanto, a expectativa, se o clima ajudar, é de contar com mais da metade dos produtores colhendo a partir da semana que vem. A ideia é de que o período de colheita encerre-se no final de abril. Até o momento, 3% da safra total foi colhida no estado.
Investindo na variedade Guri desde o dia 27 de fevereiro, o produtor Carlos Alberto Iribarrem Júnior prevê um rendimento semelhante ao da safra passada, seu recorde em 18 anos no ramo. A ajuda da tecnologia, com favorecimento do clima, faz sua produção melhorar. Devido à umidade, a colheita ainda não chegou ao seu ápice. Os grãos de sua plantação, no município do Capão do Leão, devem estar com este fator abaixo dos 23% - atualmente o índice beira os 25%. Até por isso, o turno da tarde vem sendo o preferido para a realização dos trabalhos.
Menos arroz
A safra atual não deve alcançar os números da safra passada. Além da diminuição da área semeada, houve atraso no plantio, causado pelas chuvas em outubro. Outro fator foi o frio no período do Carnaval. André Matos comenta que, em Jaguarão, as temperaturas chegaram aos 8°C, quando o ideal para a fase antese, que vivia o grão, era de no mínimo 22°C.
A seca, embora não atinja tanto o arroz quanto outras culturas, também é um dos fatores citados por Matos para essa diminuição. Pela falta de chuvas, alguns produtores não conseguiram irrigar a totalidade de suas áreas, precisando optar por qual espaço escolheriam. "É uma redução muito forte em relação à safra passada", lamenta. Embora não faça previsões para a região, devido aos acontecimentos climáticos recentes, a expectativa inicial do Irga era de 7,88 milhões de toneladas do grão colhidas no estado.
Pesando no bolso
O diretor comercial do Irga no estado, Tiago Barata, é enfático ao falar da situação econômica envolvendo a produção de arroz no estado. "A atividade não é mais viável economicamente no Rio Grande do Sul", lamenta. Os dados do Instituto apontam o custo de produção girando em torno de R$ 45,21 por saca. A indústria, no entanto, estaria pagando cerca de R$ 35,00 por saca.
Iribarrem Júnior também confirma a preocupação com o preço. Segundo ele, mesmo sendo um grande produtor, a rentabilidade ainda é um problema. "Por mais que tu tenhas uma lavoura produtiva, a rentabilidade segue baixa (…) se tu produzir dez toneladas por hectare, fica no zero a zero.", lamenta.
André Matos aponta que o setor gera quase 50 mil empregos diretos no estado, e por isso precisaria ser mais valorizado. Os cálculos apontam a média de 152 sacos colhidos por hectare na região nos últimos dez anos. No panorama atual, a colheita precisaria chegar aos 200 sacos por hectare para ser rentável.
Já Tiago Barata aponta que o custo-benefício tem sido um problema há anos. Segundo ele, a elevada carga tributária dos insumos é o fator preponderante para o problema nos preços. Pessoalmente ele crê em melhora no preço ofertado a partir do segundo semestre do ano, mas não sabe se o produtor conseguirá segurar até lá. A esperança seria uma intervenção governamental. "Cabe a eles se sensibilizar e diminuir os tributos", opina.
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