Fique atento
Com medo da violência, rodoviários param na próxima quinta
Média de um assalto a ônibus por dia preocupa trabalhadores, que passaram a cobrar mais segurança
Gabriel Huth -
A onda de assaltos vai fazer com que os ônibus urbanos e rurais de Pelotas deixem de circular na próxima quinta-feira à tarde. Depois de passarem uma manhã inteira parados na terça-feira da semana passada, os trabalhadores prometem agora ampliar a mobilização e voltar a chamar a atenção para a violência dentro do transporte. Todos os ônibus - incluindo os do Capão do Leão e do Jardim América - vão parar entre 14h e 18h30min. Os rodoviários se reunirão em uma audiência pública na Câmara de Vereadores a partir das 15h para pressionar autoridades por mais segurança.
Promovida pelo vereador Eder Blank (PDT) com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Pelotas (STTRP), a discussão contará com representantes das secretarias municipais de Segurança Pública (SSP), Transportes e Trânsito (STT), Brigada Militar (BM), Polícia Civil, Poder Judiciário e Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP). A intenção é exigir medidas práticas para coibir os crimes, já que somente no último final de semana foram registrados quatro assaltos, sendo três deles no Fragata.
Em dois dos crimes, uma das vítimas se repetiu. Após ser abordado às 10h de sábado na avenida Duque de Caxias, um cobrador teve o azar de, 36 horas depois do primeiro susto, estar novamente no caminho dos bandidos. Na noite de domingo, por volta das 22h, ele foi rendido na Guabiroba. Desta vez, além de ser forçado a entregar o dinheiro que havia no caixa, também foi agredido.
“Foram dois caras, os mesmos do sábado. Entraram armados, gritando e anunciando o roubo. Como o carro estava vazio e tinha pouco dinheiro no caixa, pediram mais e me deram tapas na cara”, relata. Há pouco mais de nove meses na atividade, o jovem de 19 anos prefere não se identificar, mas diz que está assustado com o avanço da violência dentro dos ônibus.
Os relatos frequentes de agressão preocupam não apenas trabalhadores e usuários de ônibus. Para as famílias dos rodoviários, cada jornada é enfrentada com o coração na mão, como define a esposa de um trabalhador assaltado cinco vezes desde o ano passado. “O dinheiro é o de menos, se recupera. Mas nunca se sabe qual a reação do bandido. Um movimento qualquer pode fazer com que ele machuque alguém”, diz.
Mãe de uma filha de oito anos, ela pede para que a família não seja identificada. Além do medo diário dos criminosos, existe ainda a pressão de alguns patrões. “Não há intimidação explícita, mas o pessoal sabe que se envolver muito com protestos pode dar em demissão”, afirma.
Motorista há 21 anos, Carlos Eduardo Borges, 43, não sabe quantas vezes foi assaltado em todo esse tempo de carreira. Mas assegura que nos últimos meses a situação piorou. A insegurança é tamanha que, para não preocupar a esposa e os três filhos, diz que chegou a omitir ter sido vítima dos bandidos. “Eles acompanham as notícias, sabem do perigo. Eu e muitos colegas tentamos não falar para não preocupar, mas a família pergunta e a gente acaba contando”, explica.
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