Pandemia
Comércio aberto, mas com regras
Municípios da região têm funcionamento dos estabelecimentos liberado, mas prefeitos admitem incerteza com a medida
Jô Folha -
Bastou o governador Eduardo Leite (PSDB) tornar mais flexíveis as regras estaduais de distanciamento social e a maioria dos prefeitos da região agiu rápido. Já no dia seguinte, parte das cidades tinha lojas de portas abertas. Quem não conseguiu emitir decreto local na quinta, na sexta já publicava o documento padrão, discutido em reunião da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul). Das 23 localidades, apenas Candiota ainda preparava no final de semana a publicação. Já Pelotas e Rio Grande, referências no atendimento a casos de novo coronavírus, optaram por manter temporariamente restrições mais rígidas.
Entre os que afrouxaram as regras, um argumento pesou: o agravamento da crise econômica que já se abatia nos municípios por conta da estiagem. A palavra “pressão” é comum entre os prefeitos para definir as cobranças pela reabertura do comércio e serviços. “Estamos flexibilizando em função da pressão e pela dificuldade do pessoal do ponto de vista financeiro”, resume Mauro Nolasco (PT), de Capão do Leão. Apesar da permissão, diz que o momento ainda é de atenção. “Vamos avaliar para ver como fica, se as coisas se manterão sem muito fluxo de pessoas. É um teste.”
Ainda que tenha seguido o adotado em toda a Zona Sul, o prefeito de Jaguarão mostrou descontentamento com o governo do Estado. Profissional de saúde - é ginecologista e obstetra -, Favio Telis (MDB) lembrou em vídeo publicado nas redes sociais que o estudo coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) sobre a presença do vírus ainda precisa ser aprofundado com novas etapas. “Na verdade o senhor governador lavou as suas mãos e jogou no colo dos prefeitos a responsabilidade da decisão baseado em fatores determinantes. Temos que estar fundamentados cientificamente para liberar”, comentou.
Em entrevista coletiva online na sexta-feira, Leite negou que a decisão de permitir aos municípios definir pela reabertura contrarie recomendações técnicas. “A regra é estar fechado, mas se o prefeito verificar estrutura de saúde local ou regional que tenham efeito nos casos locais, pode determinar a abertura. (...) Os prefeitos têm essa responsabilidade, foram eleitos para zelar por suas comunidades”, argumentou o governador.
Os cuidados básicos
Mesmo que o novo decreto estadual seja visto como liberação de atividades, na prática há uma série de normas a serem seguidas nos estabelecimentos dos municípios que permitiram a reabertura do comércio. Confira as regras mínimas determinadas pelo Estado:
- Redução do número de funcionários nos locais, com revezamento;
- Distância mínima de 2 metros entre trabalhadores;
- Higienizar superfícies com álcool em gel 70% ou similares;
- Limpar pisos, paredes e banheiro com álcool em gel 70% ou similares;
- Manter álcool em gel ou similares aos clientes e funcionários;
- Manter locais de circulação e áreas comuns com pelo menos uma janela ou portão abertos;
- Proibir prova de roupas, acessórios, bijuterias, calçados, cosméticos, entre outros;
- Limitar o número de clientes no estabelecimento a 50% da capacidade (municípios podem determinar menos);
- Orientar clientes para que limpem produtos após a compra;
- Limpar todos os produtos expostos em vitrine;
- Exigir dos clientes higienização das mãos antes de manusear roupas ou produtos de mostruários;
- Uso obrigatório de máscaras pelos funcionários;
- Limite de até 50% da capacidade de passageiros sentados no transporte;
- Manter controle de acesso de clientes, marcação de lugares reservados e distância mínima de 2 metros entre pessoas em filas;
- Atendimento preferencial e especial a idosos, hipertensos, diabéticos e gestantes;
- Bares, restaurantes e outros locais destinados às refeições deverão manter uso de 1/3 da capacidade;
- Comunicar imediatamente autoridades de saúde caso qualquer pessoa que trabalhe no local apresente sintomas de contaminação e determinar o afastamento pelo período mínimo de 14 dias.
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