Pandemia

Comércio pressiona para abrir as portas

Grupo de entidades enviou carta com pedido de flexibilização do decreto municipal à prefeitura de Pelotas; por enquanto, nada muda

Jô Folha -

No município, a situação de emergência foi decretada no último dia 20. A medida de maior impacto, tanto no fluxo de pelotenses na cidade como nas redes sociais, foi o fechamento do comércio. Durante a semana, eventos no Facebook, a favor da reabertura das portas, começaram a surgir. A Aliança Pelotas, grupo de entidades ligadas ao comércio, enviou carta à prefeitura pedindo que as medidas fossem flexibilizadas e, caso aprovado pelo Comitê de Crise, o comércio volte a funcionar. Na tarde dessa sexta-feira, a prefeitura decidiu, no entanto, seguir com o decreto, assim como os demais municípios da Zona Sul. Nova reunião entre os 22 chefes de Executivo ocorrerá segunda-feira.

Em Pelotas, dois casos de pessoas infectadas foram registrados, segundo o último boletim epidemiológico. Fora estes, dois casos foram registrados também em Piratini e outros dois em Rio Grande. Os prefeitos, em consenso, acordaram em manter os decretos municipais que têm como objetivo o controle da Covid-19, a princípio, até o segundo encontro. “As medidas, até então, parecem estar surtindo efeito. Precisamos ganhar tempo para preparar o sistema de saúde”, explicou a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB). 

Entre as determinações mantidas está o fechamento do comércio, com manutenção de serviços essenciais funcionando como saúde, alimentação e postos de combustíveis. “Voltar atrás não é a melhor opção”, ressaltou. O momento é de trabalhar com os atuais recursos, visando também as forças da iniciativa privada para fazer girar a economia. “Precisamos sair da caixa e buscar um caminho. Estamos todos no mesmo barco”, argumentou. Em transmissão ao vivo pelo Facebook na tarde de sexta-feira, governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), frisou a necessidade do isolamento social no território gaúcho. Na quinta-feira ocorreu a segunda morte pelo coronavírus em Porto Alegre.

O chefe do funcionalismo estadual falou também de hierarquia entres os poderes federais, estaduais e municipais. “Não podemos impedir o que o governo federal estabeleceu em decreto como serviço essencial.” Os municípios gaúchos devem tomar as medidas que julgar necessárias com base na atual situação em relação ao coronavírus, como número de casos e, até mesmo, mortes em decorrência da Covid-19. Ainda na transmissão, ressaltou a preocupação com os serviços fechados e destacou que as decisões devem ser tomadas com base científica.

Por meio de nota, a Aliança Pelotas, entidade formada pelos sindicatos que representam os lojistas e comerciantes, sinalizou as causas “desastrosas causadas à economia regional”, como diz o texto, por conta do fechamento do comércio. O documento enviado à prefeita e ao governador intitula o momento atual de “pandemia econômica” e destaca a ameaça de desabastecimento que poderá ocorrer caso as determinações não sejam revogadas. “Defendemos que o comércio tenha um retorno gradativo a partir de 1º de abril e 100% a partir de 6 de abril. Corremos um sério risco no desabastecimento da cadeia produtiva, o que já vem ocorrendo em alguns setores”, alertou o coordenador da Aliança, Amadeu Fernandes.

“As empresas não terão fôlego financeiro para resistir paradas durante muito tempo. Muitas empresas fecharão suas portas. Principalmente, micro, pequenas e médias empresas que são as que mais empregam”, frisou o coordenador. Sem a geração de empregos, ele visualiza um forte impacto no cumprimento de prazos e pagamentos dos tributos, como a diminuição dos recolhimentos fiscais. Presidente do Sindicato dos Dirigentes Lojistas de Pelotas, Renzo Antonioli, explicou que, caso ocorra a reabertura, será somente após decisão do Comitê de Crise da prefeitura de Pelotas.

O pedido enviado ao Poder Público sinaliza a diminuição dos quadros de funcionários ativos em trabalho, que baixa para 50% se as medidas forem revogadas. Quanto aos horários, a entidade não determinou e aguarda a decisão da prefeitura.

As demissões
Os primeiros números mostram aquilo que os empregados do comércio mais temiam: a perda dos empregos em razão do isolamento social. Um levantamento do Sindilojas aponta 193 demissões, número que contabiliza os desligamentos desde a publicação do decreto municipal de situação de emergência, há uma semana, até a última quinta-feira, seis dias. Projeções apontam até 900 dispensas do trabalho até 15 de abril - o que representa mais de 10% dos empregos gerados no setor. O presidente da entidade projeta 300 demissões até o final da primeira semana de abril, tanto em lojas de redes, como em pequenos empreendimentos. “No final do mês, elas devem se intensificar”, prevê Antonioli, citando o prazo para pagamento dos salários do mês pelos empresários aos seus empregados.

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