Educação
Comunidade pede paz em escola estadual
Agressão foi na última quinta-feira dentro da Escola Estadual Santo Antônio, nas Três Vendas
Paulo Rossi -
Protesto foi no final da tarde desta quarta-feira em frente à escola. (Foto: Paulo Rossi - DP)
As marcas ainda estão no rosto de Ana Lise Silva, diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Santo Antônio, nas Três Vendas, zona norte de Pelotas. Os hematomas são físicos mas, sobretudo, psicológicos na educadora, há 25 anos trabalhando no colégio. A educadora foi agredida, na última quinta-feira, por uma mãe de um aluno. No final da tarde desta quarta-feira (12), alunos, pais, professores, sindicato e diretores de outras escolas trancaram o trânsito da avenida Fernando Osório num protesto pedindo paz dentro do espaço educacional.
Se ainda existe dor oriunda da agressão, que aos poucos vai melhorando, o principal ferimento, diz a diretora, é interno. Ser agredida por uma mãe de aluno não passava pela cabeça de Ana Lise, que ainda se diz arrasada com a situação. Ela é diretora da escola há três anos e está no final da gestão. Com a aposentadoria já encaminhada, o fato foi ainda mais decisivo como argumento encerrar as suas atividades ainda este ano.
"O que dói não são os tapas", lamentou Ana. Além de outros diretores, professores e pais, o protesto também contou com o apoio e solidariedade do CPERS e da 5ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE). Em torno de 100 crianças paravam a cada pouco o trânsito e gritavam: "Queremos paz na escola. Queremos paz na escola".
Alguns pais que participaram do protesto também se diziam indignados. Quando ouviu a história através do filho, Rita Ribeiro não acreditou. "Eu fiquei pasma, aonde a gente vai parar? Uma mãe de aluno batendo na diretora? Eu não conseguia acreditar nisso", dizia, ainda indignada. Outro pai falava da situação da educação pública estadual, com parcelamento de salários e falta de investimentos, e debatiam as consequências destes fatores na educação de seus filhos.
Comunidade pediu paz na escola. (Foto: Paulo Rossi - DP)
"A escola precisa voltar a ter o significado de ser um espaço de educação, de futuro para as crianças. Precisa ser tratada e considerada com essa importância", dizia outra professora que também prestava solidariedade no protesto.
O episódio
A agressão foi na última quinta-feira, dia 6, após um evento cívico realizado pela escola. Estavam reunidas cerca de 250 alunos para a programação voltada ao Dia da Pátria. Ao passar orientações aos estudantes, a diretora era constantemente debochada por um aluno. Ela conta que chamou a atenção da criança em pelo menos duas oportunidades. O aluno, porém, continuava a debochar e causar constrangimento aos professores, conta, impedindo o desenvolvimento da atividade.
Com a insistência da criança, a diretora pediu para que ele se retirasse e aguardasse numa sala ao lado. Encerrada a atividade, a diretora encerrava sozinha alguns trabalhos em sua sala, quando a mãe do jovem invadiu e começou a agredir Ana Lise. Foram tapas no rosto e na cabeça da diretora. Após as agressões, a mãe do aluno foi embora da escola. A patrulha escolar da Brigada Militar prestou atendimento na escola ainda na quinta-feira, quando foi feito um boletim de ocorrência e exames de corpo e delito na diretora.
Medidas de segurança
Se antes o acesso era livre para pais e a comunidade escolar, a partir dos próximos dias o acesso deve ser restrito. A direção já providenciando a instalação de portões eletrônicos e restringir o acesso ao local. "Isso é muito ruim porque antes a gente podia chegar aqui e falar com a direção, professores. A partir de agora vai ficar mais complicado", lastimou outro pai.
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