O grafite ao fundo não deixa que se esqueça - ainda que marcas de tiro perfurem o telhado. Futebol, música e ações de saúde davam vida ao centro de convivência batizado popularmente como Ginásio do Navegantes. Investimento de R$ 500 mil, com recursos estaduais e municipais, o espaço encontra-se desativado e deteriorado desde 2015. Através da união da comunidade, o retorno das atividades pode estar perto de ocorrer.

O Centro de Convivência surgiu em 2010, dentro do Programa de Prevenção à Violência (PPV), oriundo do governo do Estado. Além de Pelotas, outras cidades como Novo Hamburgo, São Luiz Gonzaga e Caxias do Sul receberam espaços semelhantes. Os R$ 500 mil investidos se dividiram em R$ 250 mil através deste órgão, R$ 200 mil provenientes de emenda parlamentar da então deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB) e mais R$ 50 mil da prefeitura de Pelotas.

Momento atual
A prefeitura de Pelotas tomou para si, em 2018, a responsabilidade pelo espaço. Recentemente, o Conselho Municipal do Plano Diretor (Conplad) liberou à Secretaria de Cultura (Secult) R$ 200 mil para que o restauro do ginásio seja feito. Entretanto, o setor de arquitetura do órgão encontrou problemas no projeto apresentado e pediu um aditivo, de pelo menos R$ 70 mil, para que a obra seja feita.

Para liberar o complemento, o Conplad pediu que uma gestão formada pelos moradores fosse construída, com comitê gestor, estatuto e regimento. No início de 2019, então, a comunidade começou a se organizar para atender às exigências. Através de entidades como a Associação Hip Hop de Pelotas, a Escola de Samba Mirim do Mickey, Crias do Navega e com o apoio do vereador Reinaldo Belezinha (PTB), os habitantes do Navegantes foram chamados para uma série de reuniões - a próxima ocorrerá no dia 31 de janeiro. Em março, um novo encontro com o Conplad ocorrerá para tratar do aditivo.

Importância
Enquanto esteve com atividades, o Ginásio do Navegantes abrigou diversas ações que mantinham a população entretida, ao mesmo tempo em que serviam como oportunidade de iniciar uma nova profissão - em comunidade que, assim como boa parte da Pelotas periférica, convive com o tráfico de drogas diariamente. Escola de futebol, cursos profissionalizantes, discotecagem e promoção à saúde através de exercícios físicos são alguns dos exemplos.

Em 2015, com a extinção do PPV, o espaço parou de receber manutenção constante, causando estragos pela ação do tempo, e não contou mais com vigilantes, o que deu início à apropriação do espaço para uso e tráfico de drogas e prostituição. “Quando cheguei aqui, estava tudo novinho, tudo muito bonito. Hoje dá uma tristeza vê-lo assim”, comenta a funcionária da Unidade Básica de Saúde (UBS) Navegantes, Taís Quevedo.