Um intercâmbio multicultural. É assim que a professora Jaqueline Soares descreve o Projeto Conhecendo Novas Culturas. Ela é uma das cinco professoras que, com o objetivo de ensinar de uma forma lúdica, passaram todo o ano letivo trocando cartas entre turmas de diferentes escolas, estados, culturas e sotaques. Da Escola Érico Veríssimo, saíram envios com destino aos mais de 70 alunos de Goiás, Rio de Janeiro, Ceará e no Distrito Federal, com idades entre seis e sete anos. Na tarde desta terça-feira (3), o projeto chegou ao momento mais esperado: a hora dos alunos se conhecerem por meio de uma vídeo conferência.

Durante a ligação por vídeo entre as turmas, a empolgação dos alunos tomou conta. Cada um queria conhecer os rostos dos outros colegas, aqueles que, por meses, trocaram desenhos, edições de jornais impressos, fotos e lembrancinhas turísticas características de cada região do país. Em Pelotas, o projeto teve o ponto de partida no início desse ano e passou por três etapas. Na primeira, os alunos enviaram desenhos que retratam a cidade e o local que estudam. Depois, foi momento de enviar autorretratos, cada aluno apresentou-se para os demais participantes da maneira como se vê. E por fim, cada um escreveu uma carta para outro estudante.

Essa foi a forma encontrada para cruzar o aprendizado de História, Geografia e Linguagens. "O conhecimento precisa ir além da sala de aula", destaca a professora Jaqueline. Em pontas distintas do mapa de cidades do país, crianças aguardavam com euforia as mensagens recebidas ao longo dos meses.

Da Escola Classe 01 Riacho Fundo, em Brasília, os estudantes das séries iniciais enviaram exemplares do Jornal Correio Braziliense, por exemplo. Já do Colégio Marques Lopes, em São João de Meriti, no Rio de Janeiro, desenhos com os pontos turísticos mais conhecidos do país, o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor, foram enviados para Pelotas. Para as outras turmas, como as das escolas Professora Ciran de Souza da Paz, São Domingos, Goiás e Colégio Diocesano do Crato, localizado em Crato, no Ceará, edições do jornal Diário Popular foram enviadas.

Além do intercâmbio cultural, a iniciativa promove a experiência da ansiedade e espera pelo dia da chegada dos pacotes por meio do Correio. "Hoje em dia não se espera mais nada. Eles estão acostumados com tudo muito rápido no celular e na internet", lembra a professora Jaqueline. O uso dos jornais é visto como um meio de incluir a leitura e a escrita no cotidiano dos alunos, impulsionando o hábito da busca por informações.

Iniciativa está entre as dez melhores da Região Sul

Esse foi o primeiro ano do projeto Conhecendo Novas Culturas nas cinco escolas. Na última semana, a professora Jaqueline Soares, coordenadora da iniciativa na Escola Érico Veríssimo, recebeu o reconhecimento de Rede Conectando Saberes, uma promoção da Fundação Lemann que reúne mais de 200 educadores de todo o país. O projeto está entre os dez melhores da Região Sul.