Conversa

Conselho de Pessoas com Deficiência se reúne com Secretaria de Trânsito

Encontro teve como objetivo relatar dificuldades de acessibilidade que fazem com que portadores de deficiência se arrependam de mudança para casas adaptadas

Jô Folha -

Meio-fio alto, ônibus com rampas de acesso estragadas, equipamentos de segurança em mau estado de conservação, paradas longe da entrada de condomínios. Alguns desses itens podem passar despercebidos para grande parte da população, mas não para quem depende deles. Por isso, o Conselho de Pessoas com Deficiência convocou uma reunião com a Secretaria de Transportes e Trânsito (STT), na tarde de ontem.

O encontro ocorreu no auditório da Casa dos Conselhos. Recentemente, diversos moradores com deficiência garantiram seu direito por uma moradia adaptada através do projeto social Minha Casa, Minha Vida, que destina ao menos 3% de suas habitações a pessoas com deficiência. Entretanto, o que deveria ser uma conquista se tornou mais um problema. Apesar das moradias que atendem suas necessidades, o entorno destes condomínios, localizados no Areal, no Sítio Floresta e na Fernando Osório, não recebeu a mesma atenção. A presidente do Conselho de Deficiência, Brandina Oliveira Buttow, relata que recebe reclamações recorrentes dos moradores quanto a dificuldades com transporte e deslocamento dentro do bairro, a ponto da nova residência ter virado um arrependimento.

Luiz Fernando Borges é cadeirante desde os dois anos, devido a sequelas de pólio. Ele reclama dos horários e itinerários do transporte coletivo, o que, segundo ele, é feito pela empresa e para as empresas, sem pensar nos usuários. "As paradas são longe da entrada do condomínio. Os horários não ajudam, aí disponibilizam só ônibus da frota antiga, a rampa não funciona e tem que esperar o próximo. Muitas vezes essa é a única forma de locomoção, e quem está do outro lado esperando nem sempre entende", relata o senhor de 64 anos.

Marli Matias, de 54 anos, disputava competições de atletismo até há três anos, quando perdeu a mobilidade das pernas devido a consequências de uma isquemia medular. Hoje, com sua mobilidade comprometida, ela chama atenção ao desrespeito com pessoas com necessidades especiais. Além do usual "burburinho" quando acontece a inevitável demora até a acomodação no espaço designado, ela percebe o descaso de quem não necessita do cinto de segurança. "Eu sempre tomo cuidado para depois de usar, deixar exatamente como estava. Mas às vezes a gente chega pra usar e está sujo, pisoteado. Agora no verão quem quer colocar uma camiseta branca não tem condições de usar um equipamento sujo assim."

A STT foi representada no encontro por dois agentes, que se dispuseram a ouvir e a levar adiante as reclamações. Hoje, a frota de ônibus em Pelotas possui 222 veículos, dos quais 180 têm rampa de acesso. Entretanto, o agente Marcos Storch admite que muitas dessas rampas estão em carros já antigos e necessitam de manutenção com demasiada frequência. Quanto às reivindicações de horários e itinerários, o também agente André Nunes diz que todas são procedentes e serão encaminhadas aos responsáveis. Ele destaca, no entanto, que muitas vezes a população se sente lesada, mas não efetua uma reclamação formal. "Se analisarmos apenas os nossos registros de reclamações, parece que está tudo certo. É importante que as pessoas entrem em contato conosco para que possamos atender melhor e resolver as reclamações mais pertinentes", alerta. Para relatar qualquer situação em que o consumidor se sinta lesado, a Secretaria atende pelo número 3227-5402.

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