Educação
Contra a falta de professores
Mais de 70 estudantes, responsáveis e professores do Colégio Pedro Osório partiram em direção a 5ªCRE
Jô Folha -
Os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Coronel Pedro Osório organizaram uma mobilização contra a falta de professores na tarde desta sexta-feira (01). Sob um sol de 30°C, o grupo saiu às ruas tendo como destino cobrar a resolução do problema pela 5ª Coordenadoria Regional de Educação (5ªCRE) - que não prevê solução até meados do mês. Segundo a direção do educandário, faltam cinco professores para compor a equipe docente, problema que gera preocupação entre os estudantes que logo irão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Programa de Avaliação da Vida Escolar (Pave/UFPel).
Mais de 70 alunos, pais e professores participam da mobilização, que partiu do Pedro Osório e fez parada na 5ª CRE. Enquanto percorria o Calçadão da Andrade Neves e a Praça Coronel Pedro Osório, os pedidos de mais professores e apitos dos alunos chamaram a atenção. "A gente precisa desses professores (...), algumas matérias caminham juntas", salientou João Victor Marques, estudante de 17 anos que está no terceiro ano do Ensino Médio. O problema é recorrente na rede estadual. João recorda que em outros momentos chegou a ficar meses sem aula de determinadas matérias. Contudo, com a retomada do ano letivo no último dia 20, a situação se agravou e motivou a mobilização - são cinco as disciplinas em que não há professores para assumir a frente da sala de aula.
Hélcio Fernandes, diretor do colégio, conta que além dos professores faltosos, há somente uma merendeira e quatro funcionários da limpeza - que logo se tornarão três, devido a saída de um deles - para atender 1,1 mil alunos. Para a 5ª CRE, não há solução imediata do problema. A justificativa são os "resquícios da greve dos professores de 2017, que durou 94 dias" e atrasou os calendários letivos, explica o coordenador, Carlos Humberto Vieira. Dentre as 52 escolas da rede estadual de Pelotas, 14 ainda estão no período de férias. "As férias são um direito dos trabalhadores e devem ser respeitadas", diz Vieira.
Reunião com pais e alunos na 5ªCRE
Já no prédio da coordenadoria estadual, um grupo de alunos e mães foi recebido pelo coordenador geral e a coordenadora de Recursos Humanos, Simone Castro. Lá, os estudantes encaminharam uma lista dos profissionais necessários ao Pedro Osório e conversaram sobre as reivindicações. Em resposta, Vieira explicou: "de um lado, sobram professores e de outro acabam faltando", levando em consideração as escolas que ainda não retomaram o ano letivo.
"Por enquanto, as escolas que faltam professores vão continuar faltando", afirma. De acordo com Simone, o último dia de retomada das atividades é 20 de março, um mês após o começo das aulas da rede estadual. A data é uma previsão para início da solução do problema. A 5ª CRE é responsável por vistoriar e organizar o corpo docente de 126 escolas em 18 municípios da região, por isso justifica a demora no processo de vai e vem de docentes entre os locais de ensino. "É um processo muito dinâmico", pontuou Carlos Humberto.
Após o encontro, a aluna do terceiro ano Manoela Vergara explicou aos colegas o que foi dito e contou que compreende a situação, mas caso o problema não seja solucionado até o prazo estipulado, novas manifestações serão feitas. "A gente espera que não precise voltar, mas se precisar vamos sim e ainda chamando os alunos do fundamental", lamentou.
As necessidades do Pedro Osório
Os pedidos de duas novas turmas de primeiro ano do ensino médio e de 6º ano do fundamental foram atendidos pela 5ª CRE. Uma das razões pela grande demanda no local é a localização central da instituição de ensino.
Em contrapartida ao apontado pelo coordenador regional de educação, o diretor da escola estadual demonstra insatisfação com a situação. "Estamos cheios de projetos para esse ano, incluindo aulas preparatórias para o Enem e o Pave", comentou Hélcio Fernandes. Um projeto pedagógico envolvendo banco de questões para os vestibulares também foi construído, visando a melhor forma de preparar os alunos para o ingresso no ensino superior.
O parcelamento dos salários dos educadores da rede estadual é problema frequente nas salas de aula. "Como que eu peço pra um professor entrar em uma sala de aula pra substituir a falta de outro se ele nem recebeu ainda?", completou.
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