Pandemia
Covid-19 causa impacto nos consultórios odontológicos
Estudo da UFPel leva em conta que o Brasil é o país do mundo com maior número de dentistas e ouve profissionais sobre medidas adotadas e preocupações com a doença
O impacto da pandemia chega também aos consultórios odontológicos. O estudo OdontoCovid-19 - realizado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) - ouviu mais de 3,1 mil profissionais de todas as regiões do país, em um intervalo de dez dias, e constatou: o número de pacientes está em queda; nas redes pública e privada. Em média, os dentistas relataram atender quase 30 pessoas a menos, por semana, se comparado ao período anterior ao novo coronavírus. Os atendimentos restringem-se, basicamente, a casos de urgência e de emergência.
E o clima é de preocupação, não necessariamente pela redução na frequência das consultas. Os dentistas estão expostos a alto risco de contaminação, já que têm contato com sangue e saliva. O receio é mais um dos apontamentos da pesquisa: 70% afirmaram sentir medo ou muito medo de contrair a doença no trabalho. E mais: 5% dos profissionais já haviam atendido pessoas com diagnóstico de Covid-19.
Os cuidados com biossegurança, que já costumavam fazer parte da rotina dos consultórios odontológicos - através do uso de máscara, de luvas e de jalecos -, agora precisam ser reforçados. É uma cautela que começa ainda na sala de espera, passa por aferição da temperatura do paciente e por bochechos e chega a critérios para descarte de materiais. "Os dentistas precisam tomar uma série de cuidados, inclusive, para evitar a contaminação cruzada. Por isso, o ambiente deve ser descontaminado mais vezes", alerta o coordenador do estudo, o professor Rafael Moraes.
E nessa longa lista se prevenção, os profissionais têm precisado recorrer a materiais mais sofisticados, como é o caso das máscaras N95, para proteção efetiva contra o novo coronavírus. Sem falar no restante da paramentação; mais cara e desconfortável.
Pesquisa incluirá novas etapas
A OdontoCovid-19 não irá alimentar apenas a produção de artigos científicos. A intenção é de que em outras etapas, possivelmente dentro de cerca de 30 dias, um novo apanhado possa verificar como os dentistas estão adaptando o dia a dia para lidar com o cenário da pandemia.
Com a rapidez que a doença chegou e se alastrou pelo país, apenas 4% participaram de treinamento prático de prevenção à Covid-19. É um dos dados mais alarmantes da pesquisa. Outros 78% receberam instruções gerais ou preparação online. Resta monitorar, portanto, como os dentistas irão se adaptar ao novo contexto, com o passar dos dias e a evolução da doença no Brasil.
Saiba mais do estudo
- A pesquisa, desenvolvida pelo Programa de Pós-graduação em Odontologia da UFPel, é considerada uma das maiores deste estilo, ao redor do globo. Aliás, o Brasil é o país com mais dentistas no mundo: estima-se que 20% dos profissionais estejam aqui.
- Ao todo, 3.125 respostas foram colhidas em um intervalo de dez dias; 74,4% dos participantes eram mulheres, 25,3% eram homens e 0,3% não declarou.
- Todas as regiões do país participaram do estudo: Sul (38%), Sudeste (29%), Nordeste (22%), Norte (4%) e Centro-Oeste (7%)
- Os dentistas responderam a um questionário por e-mail e também tiveram acesso à realização do estudo através de uma campanha na rede social Instagram.
- Detalhe: 35% dos participantes tinham o atendimento no serviço público como a principal atuação profissional.
Confira alguns outros resultados
- Os dados coletados indicam que a pandemia afetou de forma expressiva a rotina e a frequência das consultas ao dentista: 98% dos entrevistados relataram redução no número de pacientes.
- Para 80%, as adaptações para seguir trabalhando provocaram custos que, na maioria dos casos, não foi repassada aos pacientes.
- Somente 1% dos profissionais relatou ter testado positivo para a doença; o que sugere que o risco maior de contaminação tem sido bem gerenciado pelos profissionais.
- A última pergunta da pesquisa questionava a opinião dos dentistas sobre as medidas de distanciamento social em suas cidades: 86% afirmaram concordar.
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