Impacto do diesel em alta
Cresce o impasse no transporte coletivo de Pelotas
Prefeitura analisa planilha de custos e cobra retomada de horários e Consórcio defende importância do subsídio e início da retirada de cobradores
Jô Folha -
Segue o impasse sobre o transporte coletivo de Pelotas. A prefeitura deu início à análise da planilha de custos do sistema - que estava programada para fevereiro - para decidir se irá encaminhar projeto de lei à Câmara de Vereadores para instituir novo subsídio às empresas, que se queixam do reajuste acumulado do óleo diesel em 31% só nos últimos dois meses e meio. A retomada de horários, que desponta entre as reivindicações dos passageiros, é um dos pontos centrais das discussões.
A Secretaria de Transportes e Trânsito cobra a qualificação dos serviços, com mais horários à disposição. Já o Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP) é taxativo: sem o suporte financeiro do município, o trabalho se tornará ainda mais deficitário. Detalhe: as tratativas para ampliação do fluxo de ônibus nas ruas colocam a retirada dos cobradores, mais uma vez, em pauta.
"Rio Grande tá fazendo isso. Porto Alegre tá fazendo isso. São Paulo não tem mais cobrador. Não sei se nós vamos virar uma ilha no mundo", afirma o secretário-executivo do CTCP, Enoc Guimarães. O advogado argumenta, entretanto, que a intenção não seria eliminar a figura do cobrador neste momento. Mas a ideia é de que os cerca de 20 motoristas que seriam contratados para o retorno de linhas e horários suprimidos ao longo da pandemia não atuem acompanhados. "Nossa ideia é manter o emprego de quem está e o que se acrescentar, não colocaríamos cobrador", adianta.
Ao falar em modernização, Guimarães sustenta que o sistema está equipado com validador que aceita várias formas de pagamento: crédito, débito e inclusive o uso de QR Code. O secretário-executivo do Consórcio ainda fez questão de lembrar que, de cada cinco que pessoas que passam na catraca, só uma paga em dinheiro. Com o tempo, o usuário se adaptaria ao novo modelo - argumenta.
Cresce preocupação dos rodoviários
Já não bastasse a preocupação da categoria com a possibilidade de parcelamento do 13º salário, anunciada pela patronal, agora o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Pelotas vê o risco de extinção dos cobradores voltar à discussão, como vez por outra acontece. "Temos a lei municipal, que exige cobrador em veículos acima de 28 lugares, e vamos pelear. Não vamos abrir mão", enfatiza o presidente da entidade, Claudiomiro do Amaral.
Ao conversar com o Diário Popular, na tarde desta segunda-feira (22), o presidente não poupou críticas ao sistema, que teria "uma qualidade ruim" e lembrou que a atuação dos cobradores não se restringe a receber o pagamento efetuado pelos usuários. "Tem todas as situações que envolvem os cadeirantes, que eles ajudam o motorista a operar a rampa", exemplifica.
Sem prazos para decisão
O secretário de Governo e Ações Estratégicas, Fábio Machado, limitou-se a confirmar que as planilhas de custos estão em estudo. Ao ser questionado sobre prazos para decisão do Executivo sobre o encaminhamento de projeto à Câmara para tentar instituir novo subsídio às empresas, o advogado apenas reiterou que a fase é de "análise jurídica".
Em maio deste ano, a retaguarda financeira foi aprovada pelo Legislativo. Durante quatro meses, um total de R$ 777.105,30 foi liberado pela prefeitura, como ferramenta para postergar o reajuste da passagem. Na época, o Consórcio se queixava da combinação entre os repetidos reajustes do óleo diesel com o baixo fluxo de usuários ao longo da pandemia. Com o subsídio, o governo passou a pagar o equivalente a R$ 0,30 por usuário pagante.
Relembre alguns números do sistema
- Trabalhadores: cerca de 500 profissionais
- Quilometragem mensal: Em torno de 500 mil
- Consumo de óleo diesel mensal: Aproximadamente 200 mil litros
- Folha de pagamento: representa 52% dos custos
- Usuários pagantes antes da pandemia: 76 mil por dia
- Usuários pagantes hoje: 39 mil por dia
- Preço do óleo diesel em novembro de 2020: R$ 3,21 - o litro
- Preço do óleo diesel em novembro de 2021: R$ 5,45 - o litro
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