Saúde

Crianças e adolescentes em busca de cura

Câncer é a causa número um de morte por doença entre crianças e adolescentes de um a 19 anos

Paulo Rossi -

As melhores saídas são o diagnóstico e o tratamento precoce. Mas o número de casos continua subindo. É estimado que 12,5 mil novos casos de câncer infantil sejam registrados em 2018, de acordo com relatório do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Em Pelotas, o número de pacientes também tem aumentado ao longo dos anos, passando de dois em 2014 para sete em 2017. Atualmente, 20 pessoas são auxiliadas pelo Poder Público para consultas na cidade referência ao município em relação ao tratamento de câncer via SUS, Porto Alegre. Desde o início do ano, mais uma pessoa foi encaminhada para tratamento.

O alerta foi feito pela Chilhood Cancer International (CCI), organização composta por 188 entidades. Em nota, a CCI fala que a incidência global reportada sobre o câncer infantil entre crianças de 14 anos para menos está crescendo - de 165 mil novos casos anualmente para 215 mil, segundo dados da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer de 2015. Já entre as idades de 15 e 19 anos, a incidência é de 85 mil novos casos. “Muitos outros permanecem não computados devido à falta de registros de câncer infantil em um grande número de países”, acrescenta a entidade.

Apesar de ser raro, no Brasil, assim como em outros países desenvolvidos, o câncer é a causa número um de morte por doença entre crianças e adolescentes de um a 19 anos. Segundo informações do Inca, o número de mortes foi de 2.835, último dado de 2013. Apesar disso, a maioria das crianças e dos adolescentes acometidos de câncer pode ser curada, caso diagnosticados cedo e tratados em hospitais e institutos especializados.

Em Pelotas não há hospitais habilitados pelo SUS para oferecer tratamento de câncer a esse público. Os pacientes, após diagnóstico da doença, têm de enfrentar mais um drama. Para realizar a quimioterapia ou radioterapia, só na capital. Lá, 20 crianças daqui - a maioria com idades entre um e dez anos - estão em tratamento. O transporte é feito por Pelotas. Isso porque a capital é cidade referência no tratamento para o município. “Se a criança precisar de um acompanhamento numa intercorrência, pode ser feito aqui. Mas a referência para tratamento de radioterapia e quimioterapia é Porto Alegre. Nós, Pelotas, não temos essa habilitação”, esclarece Rosângela Aveiro, pediatra da Secretaria Municipal de Saúde.

“O tratamento do câncer em si é feito na referência, como a quimioterapia. Mas essa é uma decisão feita pelo médico. O paciente somente traz os documentos necessários até a secretaria e o Estado marca a consulta com a referência”, detalha Ana Costa, secretária de Saúde do município. A titular da pasta acredita que fazer de Pelotas um centro para o tratamento oncológico também de crianças não parte somente da vontade da administração municipal. “Não depende só de querer. Depende de formação, profissionais, equipamentos... No interior não existe demanda que justifique a criação da infraestrutura necessária”, afirma. No entanto, acrescenta que a cidade pode evoluir e fornecer esta estrutura, conforme o desenvolvimento da área de oncologia pediátrica na região. “Para o paciente, o mais importante é ter o melhor tratamento possível o mais perto de casa possível. Se em Porto Alegre é o lugar onde há hospitais e profissionais especializados, melhor que seja feito lá”, ressalta a secretária.

Batalha contra a leucemia
Em matéria publicada pelo Diário Popular em dezembro de 2017, Aísha Schaun, 19, estudante que batalha contra a leucemia há 11 anos, compartilhou a boa notícia. Conseguiu dois doadores de medula óssea compatíveis (não aparentada, ou seja, quando doador e receptor não são da mesma família, as chances disso acontecer são de uma em cada cem mil casos). O próximo passo é concretizar o transplante. A missão tem como palco o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal, em Brasília. Aísha saiu de Pelotas no dia 14 de fevereiro rumo a Brasília. Rumo à cura.

Ela e a família estimam passar de quatro a seis meses por lá. Aísha já iniciou o pré-transplante, procedimento de exames e consultas anterior à cirurgia. Para financiar o tratamento e a estadia na cidade, abriu um financiamento coletivo pela internet - o gasto calculado é de R$ 30 mil para garantir a estadia e o tratamento. Quem quiser colaborar pode fazer doações à agência 4424 da Caixa Econômica Federal, OP 013, conta 5648-9, CPF 026.068.480-55.

Seu câncer é o mais comum na infância, diz a professora de Medicina na UFPel, Cecilia Fernandes Lorea. O fator prevenção não existe para a criança. Ao contrário do câncer em adultos - a exemplo do de pulmão, causado pelo cigarro -, o infantil não acontece a partir do ambiente em que a criança viveu ou de seus hábitos. “Se o câncer é descoberto cedo, menor será a lesão causada na criança e mais chance de cura ela terá. Além disso, é mais fácil de tratar porque a criança não costuma carregar outras doenças”, explica Lorea.

Casos de Pelotas encaminhados para tratamento:
2014 - 2
2015 - 3
2016 - 4
2017 - 7
2018 - 1

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