Opção para aqueles que querem se deslocar pela cidade, o transporte por aplicativo possui milhares de passageiros em Pelotas. Em busca de inovar, expandir o mercado de trabalho às mulheres e criar um meio de deslocamento totalmente feminino, um empresa está cadastrando interessadas em se tornarem motoristas do aplicativo para que ele inicie a operação cidade.

Criada em 2017, a plataforma de transporte Lady Driver, que contará somente com motoristas e passageiras do sexo feminino, começou a se tornar realidade após Gabryella Correa, idealizadora, sofrer assédio por parte de um motorista de aplicativo. Segundo ela, o intuito é que outras mulheres não passem pela mesma situação, partindo de uma experiência negativa para uma ideia positiva. Além da proposta de uma locomoção segura e que sirva de opção para as passageiras se sentirem mais à vontade, a intenção é também proporcionar renda à mulher motorista. Segundo dados levantados pela própria empresa, apenas 6% dos motoristas de aplicativo atualmente seriam do sexo feminino, enquanto mais de 80% são passageiras.

A plataforma afirma contar com mais de 70 mil motoristas e 1,5 milhão de passageiras em todo o País, já estando presente em cidades gaúchas como Porto Alegre e Santa Maria. Para que o serviço fique disponível também em Pelotas, a plataforma projeta a necessidade de pelo menos 150 motoristas cadastradas, número que atualmente está em 50. 

No aguardo da oportunidade

Dentre as clientes à espera de um transporte exclusivo para mulheres está a gerente comercial Brenda Nunes. Por utilizar com frequência carros por aplicativo, tendo este como principal meio de locomoção até o trabalho, ela adjetiva como “libertadora” a possibilidade de contar com um serviço do tipo, uma vez que possui uma experiência traumatizante em uma viagem em carro de aplicativo. “Fui vítima de um motorista. Grávida, com o carro trancado e sem saber o que fazer, vivi uma das piores experiências da vida durante seis minutos que pareceram duas horas.”

Brenda afirma que foi ameaçada e largada em uma rua diferente do local que havia colocado como destino final. “A partir dali, nunca mais andei e tudo o que mais quero é que o Lady chegue oficialmente à cidade”, finaliza.

Motorista de aplicativo há três anos, Milene Possas diz que já está cadastrada no plataforma feminina. De acordo com ela, são comuns relatos de passageiras que enfrentariam abusos. “Cada passageira que entra dentro do carro e me conta uma coisa desse tipo eu fico me sentindo mal e recomendo esse aplicativo porque vejo a necessidade. Elas me dizem que, embora o valor, é comum se sentirem seguras com mulheres e falam que não tem preço sair à noite, beber e saber que podem voltar para casa sem passar por situações traumatizantes.”

Milena diz ainda que há um número reduzido de mulheres como motoristas de aplicativos, o que tende a aumentar diante de uma opção exclusiva para elas. “Acredito que muitas podem até querer trabalhar com isso, mas não fazem por medo. Nesse sentido tu sabe que só vai pegar mulher, que vai ter aquela segurança, possivelmente, maior”, avalia.

Requisitos para credenciamento
Conforme explica a embaixadora da plataforma, Andressa Curtis, o retorno financeiro deve atrair parceiras. “Somos a única empresa do setor que paga uma taxa fixa de 75% do valor da corrida. Além disso, a motorista começa a receber alguns quilômetros antes do embarque da passageira, facilitando o deslocamento e evitando os cancelamentos”, garante. O sistema também deve permitir agendamento prévio de corridas e definição de motoristas favoritas.
A exigência às interessadas em ser motoristas é carteira de habilitação categoria B com EAR (Exerce Atividade Remunerada), carro do ano 2011 ou superior, com quatro portas, cinco lugares e ar-condicionado. Para realizar o cadastro, a motorista precisa acessar o aplicativo Lady Driver Motorista através do Google Play. Após, ela recebe as instruções para dar continuidade ao interesse de registro. Elas ainda receberão acompanhamentos e treinamentos periódicos.