Cuidado

De olho no São Gonçalo

Com o nível da água em elevação, comunidades do Pontal da Barra, Doquinhas e Z-3 estão em alerta

Jô Folha -

Seis dias após as fortes chuvas na região norte do Estado - que deixou 7,1 mil pessoas desabrigadas - o risco agora é com relação a possíveis inundações decorrentes do aumento do nível da água na Lagoa dos Patos. Rumo ao oceano, os rios da bacia hidrográfica da região metropolitana desaguam aqui. Na quarta-feira, a Defesa Civil emitiu um alerta às comunidades do entorno do canal São Gonçalo. De acordo com a coordenação do órgão em Pelotas, os locais que poderão ser afetados são o Pontal da Barra, Colônia Z-3 e as Doquinhas, no Porto.

Na manhã desta quinta-feira (16), moradores das Doquinhas já estavam atentos para a elevação no nível da água. Do outro lado da cidade, no Pontal da Barra, a rua principal estava 60% tomada. Na Colônia Z-3, a Lagoa dos Patos também apresentava aumento. Nesta época do ano, a média considerada normal para o canal São Gonçalo é de 90 centímetros e, até então, a régua de medição bateu o 1,49 metro.

O coordenador da Defesa Civil, tenente Paulo Darci explicou que os ventos no sentido nordeste, leste e sul são os que aumentam as possibilidades de elevar o nível de água do São Gonçalo. Isso porque a força do vento pode forçar um represamento ou então empurrá-la contra a terra. “O vento é muito mutável e muito rápido de direção”, frisou. Por isso, os moradores das regiões mais próximas do canal devem permanecer em alerta nos próximos dias.

Além do sentido, a velocidade do vento é uma preocupação para essas regiões. “Em uma situação de vento constante, com uns 40 km/h, 50 km/h, a água ganha velocidade e o represamento não chega no mar e aumenta aqui”, afirmou o coordenador. Na quarta-feira, a velocidade era de 15 km/h.

A meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia, ressaltou que nesta sexta o vento se mantém no sentido Leste, o que pode retardar o escoamento da água da lagoa; no fim de semana, deve passar para a direção Norte. “E assim ajuda a escoar mais rápido a água ao longo da lagoa para o mar”, afirmou. O acúmulo de água é decorrente das chuvas da primeira metade do mês de julho, que alcançaram o volume de 450 milímetros nas bacias dos rios Jacuí, Gravataí, Caí e Taquari.

A situação pode se agravar ainda nos próximos dias, por isso é importante que os moradores estejam atentos aos riscos, caso desejem permanecer nas residências.

Em alerta

Nas Doquinhas, no Porto de Pelotas, os moradores estão atentos à elevação do nível da água do canal. Com a casa às margens do São Gonçalo, Márcio Guimarães, 48, acredita que a água vai subir ainda mais. Ele é morador da região há mais de 40 anos, tempo que o faz conhecedor do histórico de inundações da localidade. “Ano passado, em uma chuva, a água quase invadiu a minha casa, ficou pela altura do degrau de entrada”, lembra. Há mais de 20 anos, uma enchente tomou conta da casa dele e da família por cerca de oito meses. Na região, não são poucas as famílias que vivenciram situações semelhantes e conhecem a força da água e o que ela pode causar.

Márcio já acertou com familiares. Se a água entrar na casa, o técnico em reforma de remos vai ficar acomodado na residência de parentes. “O pior da enchente são os bichos que vêm depois que a água baixa. Por aqui, aparece muita cobra cruzeira: ela não gosta de água e procura um lugar seco, daí entra na casa da gente”, conta.

Já a aposentada Geneci Souza, de 72 anos, acredita que, caso a chuva se mantenha fraca, o nível da água não irá aumentar o suficiente para invadir as casas. “Se não chover tanto, não vai subir”, espera. Também após dias chuvosos do último ano, sua residência foi inundada e ela precisou passar a noite na Casa de Passagem, da Secretaria de Assistência Social (SAS).

Busque socorro

Até às 13h desta quinta, não havia desabrigados ou desalojados na cidade, informou a Defesa Civil. Caso o nível de água do Canal São Gonçalo suba mais, o órgão está preparado para auxiliar na remoção das famílias.

Estão mobilizados, além da Defesa Civil, as secretarias de Assistência Social (SAS), de Serviços Urbanos e Infraestrutura (Ssui), de Obras e Pavimentação (Smop), e o Sanep, para atuar diante de alguma emergência, inclusive com a remoção de pessoas. 

O número da Defesa Civil é o 153, com atendimentos 24h.

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