Feliicidade

De uma só vez, quatro filhos

Casal João Winkler e Karine da Silveira, que agora vive em São Leopoldo, recebeu há mais de um ano a notícia que mudaria a vida da família

Jô Folha -

Quando o telefone tocou na sexta-feira, 5 de maio de 2017, do outro lado da linha, a mensagem trazia formato de quatro corações e se transformava na realização de um sonho: a família cresceria de uma só vez. E o melhor: aquele silêncio - por vezes perturbador - já não invadiria o apartamento do casal João Antônio Winkler Filho, 45, e Karine da Silveira, 37, em Porto Alegre. Os dias ganhariam brilho e as palavras "pai" e "mãe" passariam a ser, finalmente, ouvidas; como planejavam desde aquele começo de namoro, em 2001.

Neste final do mês de maio, que celebra a adoção no Brasil, o Diário Popular apresenta a bela história dos contadores santo-angelenses que ajudam a engrossar uma estatística que ainda encontra resistência na região: a adoção de grupos de irmãos. Na última quarta-feira foi aqui, em Pelotas, que eles vieram escrever mais um pedaço desta trajetória de amor: receberam a sentença oficial de adoção, no Juizado da Infância e da Juventude, e puderam voltar para casa - agora em São Leopoldo - com as novas Certidões de Nascimento na bagagem.

"Agora nada nos separa mais", descontrai João Antônio, que tem o rosto a todo o momento rasgado por um sorriso. "É muita emoção. Muito lindo", reforça Karine. E não é para menos: a alegria de ter um filho nos braços chegou multiplicada por quatro. Um colo disputado, a todo o momento, por Amanda, 11, Aline, 8, Alice, três anos, e João Carlos, de dois anos.

Mesmo sem nomes e rostos, a família já existia
O encontro só ocorreu na metade do mês de junho, quando o casal se deslocou a Pelotas para conhecer ao vivo os filhos que já reconheciam como seus desde o telefonema no começo da tarde da sexta-feira, 5 de maio. A informação do Cadastro Nacional de que adotariam até três irmãos, na faixa etária entre os dois e os 11 anos de idade, tornou-se irrelevante quando a equipe do Juizado de Pelotas anunciou que o sonho estava prestes a se realizar. Com um detalhe: não eram três rostinhos que os aguardavam, mas quatro.

Assim que pôde, ao liberar-se do atendimento a um cliente, João ligou para mulher - que estava em Caxias do Sul - e afirmou: "Somos uma grande família". Crescia dali em diante a expectativa: ligações à Comarca de Pelotas, envio de fotos para os pequenos poderem confirmar que queriam conhecê-los e a certeza de que a vida ganharia outro sentido. E a casa, claro, uma nova composição, com direito a mais camas, berços, fraldas, brinquedos... E risos, não raro, disparados junto à vovó materna Neiva, que permanece na retaguarda dos cuidados à gurizada.

E logo, durante o bate-papo com o DP, é denunciada por Amanda: "A vó é muito arteira".

A cada sinal, mais uma certeza
A cada nova informação, antes mesmo de viajar à Zona Sul do Estado, o casal reforçava a convicção de que já eram uma família. O caçula também era João. E, o mais incrível: nasceu no mesmo dia em que João Antônio e Karine festejam aniversário de casamento: 14 de novembro. E as 'coincidências' não param por aí: a pequena Alice veio ao mundo em 24 de setembro; mesma data da tia Andréa, irmã de João Antônio.

Com tantos pontos em comum, as várias vezes em que decidiram postergar o projeto do filho biológico - em meio às correrias profissionais - agora ganhavam sentido. Assim como a cobrança mais incisiva daquela manhã de 5 de maio, quando o contador se dirigiu ao Foro de Porto Alegre para indagar por que permaneciam fora do Cadastro Nacional, passados mais de dois meses que já estavam habilitados à adoção.

"Era muita demora. Não fazia sentido. Já tínhamos aguardado mais de um ano até estar habilitados", conta João. E reforça: "Com a diferença de que nós estávamos sonhando com filhos e, eles, lidando com papéis". Uma história de amor que começou a ser escrita poucas horas depois de o casal ter os nomes inseridos no Cadastro Nacional. Naquela mesma sexta-feira, à tarde, quando a notícia brotava do Juizado de Pelotas.

Os casos das adoções de irmãos em Pelotas
* 2018
- 4 irmãos: foram para Tenente Portela
- 3 irmãos: foram para Minas Gerais
- 3 irmãos: foram para Gravataí
- Outras três duplas de irmãos foram adotadas e permaneceram em Pelotas

* Em 2017 e 2016
Também ocorreram adoções de quatro irmãos pelotenses:
Em 2017, o caso que o DP apresenta hoje.
Em 2016: as crianças foram adotadas por família de São Francisco do Guaporé, em Rondônia

Confira a documentação para dar início ao processo de habilitação à adoção (*)
- Cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamento, ou declaração de união estável;
- Cópias da carteira de identidade e do CPF;
- Comprovante de renda e domicílio;
- Atestados de sanidade física e mental (expedidos por qualquer médico, independentemente da especialidade);
- Certidão judicial criminal negativa de 1º grau;
- Certidão judicial cível negativa de 1º grau;
- Foto dos pretendentes (individual ou casal)

(*) Não há qualquer restrição no caso de pretendentes à adoção solteiros ou casais homoafetivos

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