Saúde

Deixe claro: quero ser doador

No Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos, o DP reforça: é preciso falar sobre o assunto

Jô Folha -

Por trás de cada apelo, um rosto. Uma história de vida. E um tanto de angústia para poder continuar alimentando sonhos. Até julho de 2018, mais de 1,4 mil pessoas aguardavam na fila pela doação de órgãos e tecidos no Rio Grande do Sul. Em todo o país, mais de 33,7 mil cidadãos experimentam a mesma espera. Dura. Incerta. 

É um cenário que você pode ajudar a mudar. O primeiro passo é romper com o tabu e falar sobre o assunto com familiares e amigos. Hoje, quase metade das famílias abordadas nos hospitais sobre a possibilidade de doação, não autoriza o procedimento - confirma o Ministério da Saúde. A negativa torna-se um dos principais limitadores para trazer novos dias, mais coloridos, para quem sonha com um transplante. Por isso, se você deseja ser doador, deixe isso claro.

“O principal mito envolvendo a doação é o medo de que sejam retirados os órgãos de um paciente ainda vivo. Algumas famílias têm essa insegurança”, afirma o médico intensivista do Hospital Universitário São Francisco de Paula, da Universidade Católica de Pelotas (HUSFP/UCPel), Luciano Teixeira. E como coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) enfatiza que o diagnóstico de morte encefálica, que significa a parada total e irreversível das atividades do tronco cerebral - a estrutura mais nobre do cérebro - segue protocolo adotado em nível nacional e envolve duas etapas clínicas e um exame. E mais: todo o procedimento conta com acompanhamento da Central de Transplantes do Estado.

Depois da alegria, a espera para entrar na fila de novo
A comemoração durou exatamente 15 dias. O telefone tocou insistentemente na manhã de 14 de agosto e transformava-se na notícia mais aguardada dos últimos anos: Dânia Bório Xavier, 40, passaria por novos exames para verificar a compatibilidade com um possível doador. E a resposta positiva finalmente veio: a bageense receberia não só um rim. Junto com o transplante, Dânia poderia deixar de lado a rotina - muitas vezes sofrida - de sessões ora de hemodiálise, ora de diálise peritoneal e colocações de cateter.

E foi o que de fato ocorreu. Mas a explosão de alegria durou apenas 15 dias. Uma biópsia renal, no dia 28 de agosto, confirmou: as fortes dores que começavam a surgir não estavam relacionadas a nenhum processo inicial de rejeição. Era pior. Uma trombose em uma veia acabou por fragmentar o novo rim. O sonho estava desfeito. Não a esperança de encontrar outro doador.

“Que este dia 27 possa ser um momento de reflexão. Que as pessoas possam pensar que naquele momento de dor, elas podem livrar muitas outras dores e ajudar a salvar muita gente”, destaca a mãe Ana Maria Feijó Bório Xavier.

E para Dânia fica uma certeza: a confirmação do doador e a oportunidade do transplante movem uma energia muito elevada. “São momentos de euforia. De vitória coletiva: da família, dos amigos e de toda a equipe de profissionais de saúde que me acompanham há anos”, resume. E refere-se à luta, iniciada na década de 1990, contra o lúpus e os problemas renais. Uma luta que, de novo, dependerá de solidariedade e de doação. Dependerá de decisões como a sua.

Saiba mais
No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar. Portanto, se você deseja ser doador, deixe isso bem claro!

Há dois tipos de doador
1 - Doador vivo. Pode ser qualquer pessoa, desde que não prejudique sua própria saúde. Podem ser doados um dos rins, parte do fígado ou do pulmão e medula óssea. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com autorização judicial.

2 - Doador falecido. São pacientes com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). Podem ser doados coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córneas, vasos, pele, ossos e tendões. 

Portanto, um único doador pode salvar até 12 vidas. A retirada dos órgãos é realizada em centro cirúrgico, como qualquer outra cirurgia.

► Atualmente, cerca de 96% dos transplantes de todo o país são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em números absolutos, o Brasil é o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Os pacientes recebem assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante, pela rede pública.

Participe dos eventos do HUSFP!
Simpósio "Reunindo grandes temas de doação e transplante de órgãos"
Alguns temas em pauta: cuidados com o paciente neurocrítico e Diagnóstico de morte encefálica

Entre as participações: Ricardo Klein Rühling, coordenador da Central de Transplantes do Estado 

Data: sexta-feira, durante manhã e tarde

Local: Centro Acadêmico II (rua PadreFelício, 721 - sala 2)

Mais informações: (53) 2128-8596

► Passeio ciclístico

Quando: domingo, com saída às 9h30min, na esquina das avenidas Ferreira Viana e Juscelino Kubitschek

3a

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Aprendendo no papel Anterior

Aprendendo no papel

Próximo

Gecex derruba o imposto de inseticidas

Deixe seu comentário