Saúde

Demanda por pré-câncer aumenta quase 20% em Pelotas

Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, no ano passado foram realizadas 9,8 mil coletas nas UBS

Jô Folha - Unidade tem relato de usuária que não estaria conseguindo fazer exame

A procura pelo exame pré-câncer, que previne o lesões de colo de útero, aumentou 19,68% nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Pelotas entre 2021 e 2022. Só no ano passado foram 9,8 mil coletas, sendo 86,10% da faixa etária de rastreamento. Os números refletem um alerta das autoridades e de ativistas quanto a esse serviço de saúde, sobretudo após o trauma causado com a investigação de uma possível fraude nos exames, em 2018, e seu arquivamento, por falta de provas, em junho de 2021.

Desde 2019, após o surgimento da denúncia de possíveis falhas nos protocolos e que os diagnósticos seriam feitos por amostragem - acusações rejeitadas depois das apurações do Ministério Público - a Prefeitura passou a adotar novas medidas de atenção à saúde das mulheres, como a implementação da Nota Técnica (NT) do Citopatológico. Na lista de cuidados, está o rastreamento do câncer do colo de útero das usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse período, 249 exames foram encaminhados para colposcopias e 2,7 mil mulheres consultaram ginecologistas.

Mari Irene Tavares, 46, fez a coleta em novembro de 2021 com resultado satisfatório. Mesmo assim, a pensionista já agendou o procedimento para 2023 na UBS Fraget. A preocupação dela vai além da questão da saúde. A desconfiança gerada em 2018 com os relatos de possíveis resultados "falsos negativos" a fizeram redobrar a atenção.

Em função da crescente demanda pelos exames, representantes do Conselho Municipal de Saúde visitaram no ano passado o Laboratório Centro de Pesquisa Ginecológica (CPEG), em Porto Alegre, juntamente com uma equipe da SMS. Foi este o local que passou a ter a responsabilidade de analisar as amostras coletadas na rede pública de Pelotas. "Nossa avaliação foi positiva, uma vez que se tem um controle maior em todos os quesitos referentes à contratualização. Evidentemente, a busca de aumento do quantitativo, conforme a demanda, requer sempre um olhar direto do Conselho", diz o presidente da entidade, César Lima.

Ainda precisa melhorar

Há três meses a dona de casa Elaine Marques Gonçalves, 45, fez a coleta citopatológica, também como ação preventiva. Ela garante que foi muito bem atendida. Mas nem todas as mulheres que buscam esse tipo de atendimento têm a mesma impressão. Eva Mara Azevedo da Cunha, 50, é atendida no Fraget, mas na manhã da quarta-feira passada estava na UBS da Guabiroba em busca de medicamentos para o filho. Ela reclama que na sua UBS de referência não há ginecologista e que desde o último exame, há dois anos, não consegue agendamento. "Tem dias que não tem nem enfermeiro", reclama.

Do outro lado da cidade, na UBS da Bom Jesus, local de onde partiu a denúncia de profissionais sobre os problemas nos exames de colo de útero, a reportagem conferiu outro caso semelhante ao de Eva. Suélem Escalante, 39, diz que desde a investigação das lâminas ela não conseguiu mais fazer o pré-câncer no posto. "São mais de três anos de espera. Eu chego aqui, digo que estou com corrimento, mesmo assim não sou atendida", desabafa. Diferentemente da dona de casa Taline Fontoura, 42, que fez a coleta citopatológica em outubro de 2022, já que estava na época do exame. O problema, no entanto, é ainda estar sem o resultado.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), estes casos estão sendo verificados e as unidades devem entrar em contato com as pacientes.

Grupo mantém críticas

A Frente Feminista 8M, que acompanhou a apuração sobre o caso de 2018, diz segui atenta à situação das mulheres que buscam o pré-câncer. A reclamação é de que não teria havido avanço desde a denúncia. "As informações, que deveriam ser públicas, escasseiam demais. O sistema, a cadeia de coordenação da área dentro da Secretaria de Saúde, sequer sabemos qual é. Somos usuárias do SUS e o que sabemos e conhecemos é a dificuldade do acesso que sequer mantém equipes completas, dificultando inclusive a marcação de consultas", relata Niara Oliveira, uma das integrantes do grupo.

Mais de 15 mil exames por ano


De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a rede pública em Pelotas disponibiliza mensalmente 1,3 mil exames citopatológicos, com as 50 unidades de saúde do Município tendo equipes capazes de realizar o atendimento e encaminhamentos. A exceção é a Ubai Navegantes.

Os exames citopatológicos são realizados pelos profissionais enfermeiros e médicos. Já os laudos são encaminhados ao laboratório CPEG. Pela tabela do SUS, o valor pago é de R$ 14,37 para o citopatológico de rastreamento e R$ 13,72 para o citopatológico cervico-vaginal, conforme o Departamento de Controle e Avaliação da SMS.

Passo a passo

Pela rede de atendimento, a paciente acessa a Atenção Primária via UBS, onde deve ser acolhida pela equipe e realizar o exame citopatológico. Caso tenha alguma alteração no colo, o profissional da unidade pode solicitar recoleta em seis meses, um exame de colposcopia (complementar ao citopatológico para uma avaliação ampliada) ou uma biópsia, ou ainda uma avaliação com ginecologista, sendo que as solicitações são via sistema Aghos e marcadas na Central de Regulação da SMS.

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