Comida

Demanda se mantém em alta no Restaurante Popular

Um ano depois DP volta ao local, mas com o novo contrato firmado entre Gesto e Prefeitura, déficit é superado

Foto: Jô Folha - DP - Cerca de 200 pessoas se alimentam diariamente no local

Por Michele Ferreira
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Fernanda Folha, 46, está desempregada. O Parque Dom Antônio Zattera, na avenida Bento Gonçalves, tem virado moradia. A situação é de rua. Ela é uma das 200 pessoas - ou mais - que se alimentam de forma gratuita no Restaurante Popular de Pelotas, de segunda a sexta-feira. Ao retornar ao local, um ano depois, o Diário Popular encontrou um cenário financeiro melhor - com o novo contrato firmado com a prefeitura -, mas uma mesma demanda em alta. São reflexos deixados pela pandemia.

Quem faz parte da equipe arrisca a afirmar: “Se preparássemos o suficiente para 500 refeições, teríamos 500 pessoas para servir”, destaca a nutricionista Jenifer Lopes. O serviço oferecido pelo Restaurante, entretanto, abrange oficialmente 400 pratos por dia; 200 distribuídos gratuitamente e 200 comercializados ao valor fixo de R$ 4,00. São números que valem apenas na teoria.

Conforme o rendimento do cardápio, dezenas de refeições são servidas a mais para o público em vulnerabilidade social. E se alguém chega por lá sem ter no bolso o preço estabelecido, não raro, paga menos; às vezes menos da metade. Quem conta é o coordenador técnico da Organização da Sociedade Civil (OSC) Gesto, responsável pela gestão do Restaurante Popular, Maiquel Fouchy. “Às vezes as pessoas têm R$ 0,25, R$ 0,50, R$ 1,00 e acabamos atendendo”.

Déficit superado
Em novembro de 2021, o déficit já atingia cerca de R$ 100 mil, devido aos recorrentes reajustes dos ingredientes, além dos custos necessários para manutenção e reposição de aparelhos e utensílios. O novo contrato firmado com o Município em junho deste ano, então, dobrou o valor: de R$ 2,00 para R$ 4,00. O número de refeições gratuitas, em contrapartida, também aumentou. Passou das 96 servidas em fevereiro de 2022 para 200.

São alimentos que saciam a fome de gente de todas as idades. Pessoas como Fernanda Folha que, diante da desesperança e da falta de oportunidade, pensa e repensa como pode fazer para chegar a Florianópolis, em Santa Catarina, ainda em dezembro. “Já morei lá uma época. Sei que vou conseguir emprego. Pode ser algo em obra, segurança ou até como auxiliar de cozinha”, exemplifica. E não bastaria juntar dinheiro para o deslocamento. É preciso conseguir uma caixa de transporte para poder carregar o cachorrinho Yoki. “Não tenho como deixar ele pra trás. Pra levar a cadela Pretinha eu já tenho a caixa”, conta.

Não há outro restaurante em vista
A fila acumulada na porta não deixa dúvida da importância do trabalho. Sabe-se, claro, que milhares de moradores de outras regiões da cidade não têm como ser contemplados pelo serviço. Afinal, se precisam comer de graça, não teriam como gastar em transporte para se deslocar. Surge, então, o questionamento sobre a possibilidade de outras unidades serem instaladas pelos bairros.

O secretário de Assistência Social, Tiago Bündchen, é taxativo: “Infelizmente não temos condições financeiras de um segundo restaurante. O atual nós disponibilizamos por meio de contrato de parceria com a Gesto e é 100% financiado com recursos do Município”, destaca.

Conheça alguns números
Volume de alimentos preparados por dia:
- 40 kg de arroz
- 30 quilos de feijão
- 48 quilos de carne
- Sem falar em saladas e acompanhamentos, como purê, macarrão e polenta, além de suco e sobremesa

Repasse mensal da prefeitura: R$ 104.832,00

Refeições servidas por mês: 8,4 mil prato
11 funcionários
Fundação: em 2008. Sob administração da OSC Gesto desde 2012

Outros serviços oferecidos pela Gesto
> O trabalho não se restringe aos cuidados com a segurança alimentar e nutricional. Os usuários do Restaurante também participam de cursos profissionalizantes e encontros para socialização, momentos em que a equipe muitas vezes detecta situações de negligência com idosos, por exemplo.
Ajude e faça doações!
> Para doar alimentos e utensílios como pratos e talheres, faça contato através do telefone (53) 98415-3252.
> O endereço do Restaurante Popular é rua Três de Maio, 1.068, no Centro.​

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