Trajeto

Desobstrução da estrada da Colônia Z-3 permitirá instalação de ponte provisória

O trabalho de remoção da areia iniciou na última terça-feira; Prefeitura busca junto ao Exército a instalação de uma ponte temporária na entrada da localidade

Foto: Volmer Perez - DP - Areia precisa ser retirada da estrada para que restante dos trabalhos de recuperação prossigam

Na tarde desta quinta-feira (6), três máquinas retroescavadeiras de uma empreiteira terceirizada contratada pela Prefeitura realizavam o trabalho de desobstrução da avenida Rubens Machado Souto, estrada que dá acesso à Colônia de Pescadores Z-3. Por contas da cheia da Lagoa dos Patos, praticamente toda a extensão da via ficou coberta por uma grossa camada de areia, impossibilitando a passagem de veículos de qualquer porte. Acontecendo ininterruptamente desde a tarde da última terça-feira, o desbloqueio da estrada é uma ação preliminar à instalação de uma nova ponte provisória para a entrada da localidade, já que a ligação também sofreu danos em razão do avanço das águas.

Segundo o operador de uma das máquinas que realizam o serviço no local, Ronei Nunes, 60 anos, o processo de desobstrução consiste na remoção de toda a areia que cobre a via, deslocando o material para perto da margem da lagoa, até recuperar as condições de trafegabilidade. Ele conta que o cenário encontrado pela frente na estrada é extremo. Como tem feito dias de sol, a areia acumulada secou e ficou mais solta, o que permitiu que os trabalhadores examinassem a profundidade. Em alguns pontos, os pés afundam a quase um metro, expondo o grau de inacessibilidade da estrada. “Acredito que amanhã nós já estaremos lá [na ponte]”, estima o operador, praticamente na metade da estrada.

A cabeceira da ponte do Totó, logo após o Barro Duro também apresentava defeitos nas cabeceiras e foi restaurada, permitindo o acesso até o trecho onde as equipes estão atuando. Em transmissão ao vivo realizada na tarde desta quinta, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) disse que, após concluir o trabalho na estrada, a administração buscará junto ao Exército a instalação de uma ponte temporária na entrada da localidade. Além disso, afirmou que as equipes seguem trabalhando na Estrada do Posto Branco, buscando possibilitar um tráfe go adequado na via.

Importância do acesso
A desobstrução da estrada e instalação de nova ponte permitirá que os moradores voltem a transitar normalmente pelo principal acesso à Colônia Z-3. Nesta quinta, o morador da colônia, Carlos Ribeiro, acompanhava à distância o trabalho das equipes. O comerciante de 56 anos conta que tem um comércio na localidade, mas precisou deixar o local há mais de um mês, quando a invasão da água já era uma certeza. Então, Ribeiro levantou o que pode e se deslocou até a cidade. Durante a cheia, ele acompanhou a situação por vídeos feitos pela comunidade, e agora, finalmente, pretende retornar ao imóvel. “Como não tem estrada ainda, estou esperando um bote de pescador que vai buscar o pessoal aqui na ponte do Totó”, disse, enquanto aguardava a carona.

“A estrada aqui pra nós é tudo”, afirma o morador. O homem relata que ficar todo o mês de maio longe da comunidade que cresceu foi complicado. Tendo noção do sofrimento natural das pessoas, lamenta também a destruição da estrada, pois ela garantia alguma facilidade para pessoas tão acostumadas a lidar com adversidades. “Eu estava de fora e vi a dor que o pessoal passou. O pessoal com problema de doença não conseguia sair pra cidade. O pessoal passou muito trabalho. Eu via a dor do meu povo”, desabafa, emocionado.

Comentando sobre a tragédia, Ribeiro revela que ouviu muito falar da enchente de 1941, através dos pais e dos avós. Era algo que parecia distante, segundo ele. Inseguro e preocupado quanto a repetição de um desastre parecido, o morador se apega na parte boa das histórias que ouvia, a reconstrução. “Aqui é um povo muito amigo do outro. A gente passou por outros problemas e sempre reconstruiu, o governo sempre dá muito apoio também. A gente está vendo hoje um monte de máquina trabalhando na estrada. Hoje eu vejo o valor que tem a estrada [...] Se Deus quiser, agora, aos pouquinhos, vai voltar tudo ao normal”, concluiu. ​

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