Rede estadual de ensino
Dia de ato em defesa pela escola pública
Comunidade escolar do Colégio Pedro Osório foi às ruas e realizou abraço simbólico à instituição, que está 100% paralisada
Jô Folha -
Professor na rua, Leite a culpa é tua. A frase foi uma das mais pronunciadas em ato que reuniu professores, funcionários, pais e alunos do Colégio Estadual Pedro Osório, na tarde desta segunda-feira (25). De mãos dadas, integrantes da comunidade escolar deram a volta no quarteirão, em abraço simbólico à instituição que está com 100% das atividades paralisadas. Uma assembleia geral em Porto Alegre, nesta terça a partir das 13h30min, servirá de mobilização à categoria, que começou a greve no dia 18 deste mês.
Nesta segunda, ainda antes de a Secretaria Estadual de Educação passar a notificar as escolas sobre o corte do ponto, a assessoria jurídica do Cpers-Sindicato organizava-se para ajuizar ação e derrubar a medida que busca esvaziar o movimento. "Temos uma perspectiva de que a nossa greve possa crescer com essa decisão do governo, que provocou indignação dos trabalhadores", afirma o diretor do 24º Núcleo do Cpers-Sindicato, Mauro Amaral.
E lembra que a paralisação por tempo indeterminado não se prende apenas ao pacote apresentado pelo governador Eduardo Leite (PSDB) à Assembleia Legislativa e que atinge em cheio o Plano de Carreira do Magistério e também os aposentados. A falta de reajuste há cinco anos e o atraso no pagamento dos salários há quatro anos integram a pauta de justificativas para cruzar os braços. Durante os pronunciamentos, os profissionais voltaram a destacar a greve como instrumento para manterem a dignidade e, inclusive, lutarem pela participação em atividades sindicais - já que a proposta defendida pelo governo prevê o fim do abono de falta para os profissionais se engajarem às manifestações.
Grêmio Estudantil apoia os professores
Estudantes também estenderam os braços na tarde desta segunda, para reforçar o abraço simbólico. Com apitos, cartazes e palavras de ordem, foram às ruas para chamar a atenção da comunidade. "A gente vai se desfazendo do que é público, passa a almejar as escolas particulares e vai deixando de lado os problemas do ensino público, como se pudesse ser assim", lamenta o adolescente Guilherme Laner, 17, membro do Grêmio Estudantil. "Mas queremos lutar por um Brasil melhor através da Educação", reforça o aluno do 2º Ano do Ensino Médio.
Ato também na Escola Areal
Professores, funcionários, pais e alunos da Escola Areal também fizeram ato, no final da tarde, para esclarecer a população sobre as razões da greve. Em rápidas interrupções no trânsito, na avenida Domingos de Almeida, distribuíram material informativo, com pedido de apoio à paralisação.
Relembre
Professores e funcionários da rede estadual de ensino já haviam decidido: se o governo de Eduardo Leite protocolasse o pacote de medidas na Assembleia, o caminho seria a greve. E assim foi. As propostas geram várias alterações no Plano de Carreira, como fim de triênios, quinquênios e avanços; difícil acesso apenas para instituições do campo e fim da incorporação de gratificações, como a de direção. Entre os aposentados, quem recebe a partir de um salário mínimo passará a contribuir com alíquotas que chegam a até 16,32% dos salários.
O governo sustenta que as mudanças seriam imprescindíveis devido à necessidade de ajuste fiscal. Já os trabalhadores garantem que o Executivo teria outras ferramentas para injetar dinheiro nos cofres, como cobrança de sonegadores, revisão de isenções de impostos e recuperação de recursos que a União deve ao Estado. Juntas, as três medidas poderiam significar em torno de R$ 75 bilhões arrecadados em um ano - projeta o Cpers.
Confira o levantamento da 5ª CRE (*)
Das, 125 escolas instaladas nos 18 municípios da área de cobertura da 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), apenas 78 responderam ao levantamento on-line:
- 4 estão com 100% das atividades paralisadas
- 49 estão parcialmente em greve (com pelo menos um profissional paralisado)
- 25 com funcionamento normal
(*) Até a tarde desta segunda, as outras 47 instituições ainda não tinham respondido ao formulário
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