Comemoração

Dia do Professor: O educador inclusivo também em evidência

15 de outubro, domingo, é a data comemorativa do educador no Brasil

Foto: Italo Santos - especial - DP - Antes aluna, professora Rejane Holz ensina os alunos do 3º ano na escola Alfredo Dub

João Pedro Goulart
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(Estagiário sob supervisão de Lucas Kurz)

Dia 15 de outubro é o Dia do Professor. Quando em sala de aula, seu "habitat natural", o professor é mais do que um simples transmissor de conhecimento. É ele que acompanha os alunos, atua como inspirador e, muitas vezes, se torna herói anônimo, moldando seus futuros enquanto trabalha suas perspectivas, valores e habilidades. O professor é democrático. Todos são. Principalmente aquele que dedica a carreira à formação de estudantes da educação especial cotidianamente, o professor do ensino inclusivo.

Embora sua data comemorativa seja em agosto, vale trazer à tona, no dia do educador, esta particularização tão importante da profissão. Constata-se que a educação especial demorou muito tempo até começar a ser discutida com a devida atenção no Brasil. Somente após os anos 1970, com a criação de instituições públicas e privadas, órgãos normativos federais e de classes especiais, houve o início de uma batalha árdua pela inclusão, que continua até os dias de hoje.

Uma luta que Rejane Holz, 49 anos, entende muito bem. Por ocasião da surdez, aos três anos de idade ela ingressou na Escola Especial Professor Alfredo Dub, onde recebia atendimentos especiais no turno inverso do ensino regular. Hoje, ela é professora do 3º ano na escola que, diferentemente de 40 anos atrás, já é uma instituição de ensino consolidada. "Na escola regular existiam muitas dificuldades. A principal é a comunicação. Na época, a linguagem de surdos era a oralização. Não existia a linguagem de sinais. Fui alfabetizada com a metodologia oral", conta Rejane, sobre o desafio do seu aprendizado pela ausência da língua de sinais.

"Eu amo muito as crianças. Eu tenho muita afinidade com as crianças surdas, por eu ser surda também. Cresci nessa escola, adquiri conhecimento e tinha o sonho de ser professora dessa instituição. Tudo que eu aprendi, transmito para os meus alunos. E eu sou muito feliz", disse a professora, que também vivenciou muitos momentos gratificantes em sala de aula. "Os ouvintes tem um mundo todo para eles e os surdos têm um mundo pequeno, porque a comunicação é mais restrita. Os alunos surdos começaram a sonhar com um mundo melhor quando tiveram mais liberdade para se comunicar, isso foi gratificante", completou.

Gratidão que também sente Simone dos Santos, professora há 17 anos na Associação Escola Louis Braille. Especializada em educação especial e sistema de leitura e escrita em braille, ela conta que atuar como professora de deficientes visuais é uma experiência que não tem preço. Para ela, "é muito gratificante quando percebo que o meu aluno aprendeu a trabalhar com braille, ou seja, quando ele começa a ler e escrever em braille. A felicidade de dever cumprido não cabe no peito. É lindo ver como esse aprendizado muda a vida dele e torna sua vida melhor e mais acessível".

A professora afirma que viu diversas mudanças na perspectiva do ensino inclusivo, que foram muito relevantes para os alunos. Segundo ela, as transformações são bem recentes. "Agora as escolas estão fazendo adaptações mais razoáveis de acordo com as necessidades individuais de cada aluno. A educação especial também deixou de se configurar como um sistema paralelo e passou a integrar uma proposta pedagógica da escola, apoiando a plena inclusão de todos, por meio de recursos, serviços e de atendimento individual especializado".

Letícia da Silva é psicopedagoga na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Pelotas (Apae) e especialista em Educação Especial. Quando era professora do ensino regular, percebeu os obstáculos nos processos da aprendizagem especial e decidiu buscar conhecimento para exercer a profissão. Atualmente, na Apae, acredita na evolução educacional relativa à inclusão. "Tenho esperança em maiores investimentos na Educação e que o professor seja mais valorizado e respeitado", disse a professora.

Entendendo que a educação especial é um processo em construção, Letícia diz que acredita na formação dos professores. "Confio na importância da formação continuada de todos os educadores, independente da área de atuação". De acordo com dados do MEC/Inep, na plataforma Diversa, do Instituto Rodrigo Mendes, no Rio Grande do Sul, em 2022, 5,8% dos professores regentes de classes comuns tinham formação continuada em Educação Especial. Na mesma pesquisa, foi evidenciado que entre os professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), 48,3% possuíam a capacitação.

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