Saúde

Dia Nacional de Combate ao Fumo expõe desafios de um problema em mutação

Do cigarro ao vape, hábito continua vivo na sociedade a partir de novas roupagens, mesmo com constantes campanhas de conscientização

Foto: Jô Folha - DP - Hábito é o maior causador de mortes evitáveis, segundo o Inca

Ele é considerado a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo, mas ainda assim milhões de pessoas, diariamente, colocam cigarros voluntariamente em suas bocas. Outros tantos milhões acabam consumindo o produto de forma passiva ao conviver com fumantes. Hoje, no Dia Nacional de Combate ao Fumo, mais uma vez autoridades e profissionais da saúde irão dedicar-se a ressaltar o mal que isso faz à saúde alheia e, infelizmente, muitos serão ignorados.

Vinculado à Universidade Católica de Pelotas (UCPel), o médico Roni Quevedo é um dos que dedicam a vida a combater o tabagismo. Responsável pelo Programa UCPel Mais Saudável - Fumo Zero, ele ressalta a importância das datas, mas analisa que o trabalho do dia a dia é ainda mais importante. Ele diz que, apesar dos malefícios serem tão claros, o que mais conta é o desejo de parar de fumar. Ele ressalta que os fumantes não devem ser enfrentados, mas orientados. “O fumante quando acende um cigarro tá pedindo socorro. Ele é um dependente químico.”

Quevedo aponta que os números deixam claros o impacto do cigarro na saúde. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) corrobora com isso: os dados de 2020 mostram que 161.853 óbitos foram registrados no País relacionados diretamente com o cigarro, com R$ 50.289 bilhões de custos médicos diretos, o equivalente a 7,8% de todo o gasto com saúde no Brasil. Foram, ainda, mais de um milhão de diagnósticos de doenças ligadas ao fumo, como câncer, AVC e doenças cardíacas.

E agora?
Professora associada de pneumologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Silvia Macedo diz que o número de fumantes caiu de 30% da população para 12% nos últimos anos devido ao trabalho de conscientização realizado pelos profissionais da saúde. Porém, de 2019 pra cá, é notado um aumento dos dispositivos eletrônicos para fumar, os famosos vapes, principalmente entre pessoas jovens e de maior renda. Apesar de sua comercialização não ser permitida pela Anvisa, eles são de fácil acesso.

Silvia ressalta que, apesar do marketing em torno do produto falar que ele ajudaria a parar de fumar o tabaco convencional, o dispositivo eletrônico conta com ainda mais concentração de nicotina e outras substâncias cancerígenas, aumentando as chances de dependência e os impactos pulmonares. “Não existe forma segura ou isenta do risco ao fumar”.

Incentivo de quem parou
O jornalista Filipe Cerqueira conta que começou a fumar aos 17 anos para socializar. “E era bom, me dava uma sensação de prazer, mas isso só se tornou um problema quando entrei na faculdade”, reconhece, dizendo que o cigarro se tornou uma maneira para lidar com ansiedade e criou uma dependência emocional. No entanto, com a pandemia, passou a repensar o hábito, já que a Covid-19 afetava diretamente o sistema respiratório.

Mas a mudança definitiva foi a partir da morte de um amigo com quem compartilhou muitos cigarros ao longo da graduação. O também jornalista Gabriel Huth, com passagem pelo Diário Popular, faleceu após ataque cardíaco fulminante com apenas 37 anos, em 2020. “Eu fumava com ele. Isso me impactou bastante.” Apesar de sentir falta, diz que hoje tem noção dos custos que o cigarro traz. “Quando tu tem isso bem claro na tua cabeça, tu não faz.”.

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