Não demorou nem cinco minutos e a Adriana obteve o resultado: negativo. Ela foi uma das cerca de 520 pessoas que passaram pela tenda montada durante toda manhã e tarde de terça-feira (6) no largo Edmar Fetter. A ação teve como intuito a realização do teste rápido da Hepatite tipo C - aquela que não possui vacina e é a mais agressiva ao organismo - e distribuição de informativos sobre as doenças virais, em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, em 28 de julho. Quem não pôde comparecer ao Mercado Central pode fazer o teste em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e no Centro de Especialidades.

A Adriana Delgado, 19, fez o teste pela primeira vez. A facilidade de acesso à tenda foi um dos fatores decisivos, já que foi montada em um ponto central da cidade. “É uma ação muito importante. Facilita pra quem tem dificuldade de ir até os lugares”, aponta. No caso da estudante, o resultado foi negativo, sendo liberado poucos minutos após o exame. “É muito rápido”, destacou. Segundo a assistente social do Programa de IST, Aids e Hepatites da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Alice Rodrigues, durante a ação de ontem, 18 resultados deram positivos.

Em casos assim, a pessoa é encaminhada à Vigilância Epidemiológica, ligada à Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Depois disso, deve-se realizar um exame de sangue, que é o segundo teste para comprovar a doença no organismo. O resultado é liberado em cerca de 15 dias. A pessoa, então portadora da Hepatite C, precisa procurar um médico especializado ou a UBS para dar início ao tratamento individualizado com base na carga viral do paciente.

O tipo C é o mais agressivo ao organismo, ele ataca o fígado, causando inflamações agudas ou crônicas - assim como ocorre no tipo B. Sem o tratamento adequado, as enfermidades podem evoluir para cirrose. Todo o tratamento pode ser feito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Em janeiro, o Ministério da Saúde atualizou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Hepatite C e Coinfecções, inserindo as recomendações internacionais e visando o alcance do maior número de pessoas. A Hepatite C é uma doença silenciosa, o que pode levar a um diagnóstico tardio. Os sintomas envolvem mal-estar, náuseas, dores musculares e perda de peso, mudanças que podem ser confundidas com outras complicações. Por isso, recomenda-se a busca pelos testes rápidos.

Os testes estão disponíveis de forma gratuita nas 50 Unidades Básicas de Saúde da cidade, espalhadas entre os bairros, além do Centro de Especialidades, localizado na rua Voluntários da Pátria, 1.428.

Vacinação dos tipos A e B
Os outros dois tipos de Hepatite, A e B, possuem esquemas vacinais inseridos no calendário básico. Com um ano e três meses, o bebê recebe a dose do tipo A. Antes disso, ao nascer, o recém-nascido recebe a vacina Pentavalente, que protege contra a Hepatite B e outras doenças, como a difteria. A Pentavalente deve ser aplicada em três doses, com intervalo de 60 dias (mínimo de 30 dias), a partir de dois meses de idade. Como ressalta a enfermeira da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Rita de Cássia Carvalho, “no primeiro ano de vida a criança já sai com o esquema completo”.

Somente em 1998 a vacina contra a Hepatite B passou a ser distribuída no Brasil, momento em que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) passou a trabalhar em articulação com entidades de defesa dos direitos das crianças. Os atuais jovens adultos, que não receberam as doses ao nascer, precisam atualizar a carteira de vacinação com as doses. Para completar o esquema vacinal é preciso se dirigir à UBS mais próxima da residência, munido da carteirinha de vacinação. De acordo com a Vigilância Epidemiológica, em 2018, dos 3.387 usuários na faixa etária dos 20 aos 59 anos, que fizeram a primeira dose da vacina no ano passado, apenas 1.578 completaram o ciclo vacinal de três aplicações.