Unificado
Eles são os novos pelotenses
Entre dificuldades e estudos, alunos da UFPel alteram rotina e modificam a cultura da cidade
Jô Folha -
Cores, jeitos e sotaques, tudo é diverso na Pelotas de 2009 para cá. O principal motivo é o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que há quase dez anos é a porta de entrada para a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Através dele, estudantes de todos os cantos do Brasil se mudam para a cidade todo início de ano letivo, que hoje completa um mês - e a fazem melhor.
Marcela Damore, formanda do curso de Jornalismo, já passou por todos os estágios. Chegou aqui em 2016, sem conhecer ninguém, fez bons amigos, acabou encantando-se com determinados aspectos da cidade e, agora, prepara-se para, em breve, voltar para Cubatão, no interior de São Paulo. Ao fim, terão sido quatro anos em Pelotas. Um período marcado por descobertas interessantes, mas, principalmente, por saudade. “Eu vim com 24 anos, já tinha perdido aquela vontade que os mais jovens têm de sair de casa. Então senti muita falta da minha família”, explica, citando o frio como outro poderoso inimigo. “Cheguei a chorar algumas vezes”, admite.
Comida, vocabulário, costumes, cada dia trazia uma surpresa boa para aliviar o verdadeiro sofrimento de Marcela - que não tinha a ver com a cidade em si, ela faz questão de deixar claro. “Cubatão tem uma tradição industrial, então o lado cultural de Pelotas me encantou. Eventos, museus, tudo isso eu gostei muito, assim como as pessoas daqui, que sempre me receberam muito bem. Sabiam que eu não estava preparada para tanto frio, então sempre me ofereceram casaco e coberta”, comenta.
São 4.104,8 quilômetros que separam Caroline Soares de casa há dois meses. No início de fevereiro ela deixou Tomé-Açu, no interior do Pará, para estudar Engenharia Hídrica na UFPel. E ela se atirou no mundo assim, direto: pulou logo do Ensino Médio para outro estado, sem muito respiro. A saudade da mãe tem sido, claro, o principal desafio nesse período de adaptação. Desde o carinho até a ajuda nas tarefas diárias. “Tenho sentido um pouco a falta de tempo, pois todo e qualquer problema quem tem que resolver sou eu”, diz.
A paraense tem estranhado também o clima - e não poderia ser diferente. “Estava muito calor, agora do nada está frio, choveu também mais cedo”, diverte-se. Outro ponto é a resistência que tem sentido - tanto de pelotenses, quanto de oriundos de outras partes do Sul - por vir do Norte. “Existem pessoas que não conseguem conviver com a diversidade. Mas eu não aceito. Não fico quieta, tenho orgulho das minhas gírias, do meu sotaque, de onde vim”, crava forte a menina que leva garrafa de tucupi para o Restaurante Universitário.
Ao contrário de Caroline, que veio de uma localidade menor, a estudante de Jornalismo Gabriela Pereira trocou a delícia e a dureza da maior cidade do país para, bem, a delícia e a dureza de Pelotas. “É tudo bem diferente, mas é próximo da universidade e não tem aquele transtorno igual a São Paulo”, comenta, destacando, também, a distância da família como a principal dificuldade.
Números
Atualmente, a UFPel conta com 16.139 alunos nos cursos de graduação. Destes, 7.050 são oriundos de outras localidades. Somam-se a estes mais 1.347 que cursam pós-graduações.
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