Crise
Em busca de farmacêuticos
Alguns profissionais vieram de outros estados para atender à demanda da cidade
Atualizado às 18h23min
Mesmo com dois cursos de graduação em Farmácia na cidade, algumas drograrias enfrentam problemas para contratar profissionais da área. Turmas se formam com poucos alunos e acabam por não conseguir atender à demanda das empresas. Em média, cada filial precisa de três farmacêuticos para funcionamento pleno. Uma das maiores redes de Pelotas está, inclusive, importando especialistas de outros estados para fechar seu quadro de funcionários.
Atualmente são 148 farmácias cadastradas no município. A Universidade Católica de Pelotas (UCPel) possui o curso do segmento mais antigo em atividade. Ela contabiliza 40 matrículas anualmente - destas, apenas uma média de 15 concluem o curso. Neste cenário, alunos em estágio nas farmácias acabam se tornando ainda mais valorizados e incentivados a seguir na empresa após formados, de acordo com o coordenador do curso da UCPel, Elemar Maganha.
Este é o caso de Manoela Muller, que há três anos, ao terminar sua graduação, conseguiu efetivar seu contrato. Ela acredita que muitos de seus colegas não gostavam de pensar que os cinco anos estudando conceitos e fórmulas químicas acabariam reprimidos pela alta demanda de atendimento no balcão. Ao ser contratada, a farmacêutica foi avisada que também realizaria este tipo de suporte ao público, mas não considerou a atitude um problema. “As pessoas não percebem que o balcão pode gerar uma experiência enriquecedora”, diz.
Para Maganha, a prescrição individual, realizada somente com esta pessoa competente, minimiza o uso incorreto dos medicamentos. O professor também acredita que o balcão e sua pressão pelas vendas poderia ser uma das causas de evasão no curso, apesar da média salarial paga na região, que poderia ser considerada uma das maiores no País.
O auxílio que vem de longe
Profissionais do Amazonas, de Minas Gerais, da Bahia, do Mato Grosso e do Ceará encontraram em Pelotas a oportunidade que ainda não lhes havia sido ofertada. Coordenadora regional da rede de farmácias que está trazendo essas pessoas, Diene Soares conta que o número de currículos deixados pessoalmente nas suas lojas é escasso e não supre a deficiência. Os poucos candidatos, ao serem informados da carga horária exigida para a vaga - oito horas diárias - acabam desistindo da oportunidade.
A empresa visa dar estabilidade a estes que vêm de fora. Para isso, oferece suporte na passagem, hospedagem e reembolso em todas as despesas nos primeiros 30 dias no município. Os contratos são firmados com a intenção de serem definitivos, mas é respeitada a vontade do contratado, caso não se adapte. A empresa já realiza a ação desde outubro.
Formada há um ano, Claudiane Costa encontrou o que considera sua chance de ganhar experiência e se realizar profissionalmente. Vinda de Manaus - onde são poucas drogarias para muitos especializados na área - ela acabou largando a pós-graduação e deixando seu marido e família para tentar a vida na região que desconhecia.
São pelo menos nove farmacêuticos vindos do Amazonas. Lá, a oferta de vagas, divulgada on-line, gerou desconfiança. Após conseguir contato com uma pessoa que já havia passado pelo mesmo processo seletivo, realizou sua inscrição. Sua principal motivação é o salário, já que aqui o piso é pelo menos R$ 1 mil mais alto do que na sua região de origem. Trabalhando como recepcionista em um laboratório de análises clínicas, encontrou no estudo farmacêutico a resposta para a ânsia em ajudar sua mãe, que possui uma doença crônica. “Na farmácia não estamos fazendo venda, estamos fazendo saúde”, acredita.
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