Memória
Em homenagem a Pelotas
Médico João Gomes Mariante, de 98 anos, resgatará a história do município em seu jornal
Paulo Rossi -
Sem desfazer laços com a psicanálise e a medicina psicossomática, o médico João Gomes Mariante, de 98 anos, também dedica a vida à escrita. Além da publicação de livros, há 14 anos fundou o jornal MenteCorpo. A cada mês são impressas doses de história e cultura, em cerca de 40 páginas. Com distribuição em todo o país e também em território estrangeiro, o jornal vem prestando homenagem a municípios gaúchos e personagens que ajudaram a constituir sua trajetória. Desde o último ano Mariante investe tempo em pesquisas sobre Pelotas - o município deve ser tema da edição de julho do informativo.
A tiragem do MenteCorpo é de aproximadamente 35 mil exemplares. Mariante alega produzir o conteúdo praticamente sozinho, com o auxílio de um jornalista e uma diagramadora. “Não tenho contato com computador”, adianta. É com a caneta em punho que dá vida a suas publicações. “Ou, então, eu dito o que vai ser escrito pra alguém redigir”, sorri, ao mostrar os calos na mão destra. Apesar da audição prejudicada pelo tempo e da sensibilidade para manter o corpo em equilíbrio, o único auxílio considerado aceitável em sua rotina é o da bengala. Morador de Porto Alegre, Mariante vive sozinho e preza por sua independência.
Em nova visita a Pelotas, nesta terça pela manhã esteve com membros do Rotary Club e foi recebido pelo reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Mauro Del Pino. A cada vinda fortalece vínculos com outras instituições e personalidades influentes na história local, entre elas o ex-prefeito Fetter Júnior (PP), que lhe acompanhou durante a tarde. “Não esperava essa recepção em Pelotas. Aqui fui aplaudido de pé”, relata, satisfeito, o escritor.
Obra
Natural da capital gaúcha, as pesquisas na área da psiquiatria lhe levaram para São Paulo, Rio de Janeiro e atravessou até a Argentina, em períodos distintos. Ensaios, crônicas, editoriais, depoimentos e vivências se tornaram livros, com embasamento psicanalítico. O primeiro, Os três azes de trinta, e no seguinte, Três no divã, João Gomes Mariante analisou aspectos da vida de três figuras da Revolução de 30 e do Brasil moderno: Getúlio Vargas, Flores da Cunha e Oswaldo Aranha. Atualmente Mariante trabalha em livro sobre Getúlio Vargas, no qual pretende revelar o “lado oculto” do presidente. Para mais adiante, o escritor ainda quer publicar obra que narra sua chegada aos cem anos.
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