Saúde
Em nota, médica afirma que estudo alertou prefeitura sobre exames
Profissional fez pesquisa acadêmica sobre exames ginecológicos realizados na UBS Bom Jesus
Jô Folha -
A médica especialista em Medicina da Família, Julia Kanaan Recuero, afirmou em nota divulgada neste final de semana que entregou à prefeitura de Pelotas em 2015 o resultado de um estudo sobre os exames pré-câncer realizados na Unidade Básica de Saúde (UBS) Bom Jesus. O trabalho acadêmico produzido durante 2014 aponta que nenhum dos exames citopatológicos feitos durante aquele ano apresentou alteração.
A observação foi entregue à administração municipal devido ao que a médica considerou “incongruência na análise das amostras”. A incoerência se deveria à constatação de que a normalidade apresentada nos laudos se dava mesmo em casos de pacientes cujas hipóteses clínicas indicassem o contrário.
No texto, Julia Recuero confirma que a conclusão do trabalho foi entregue à prefeitura. “Em minha percepção, constituía na ocasião um dever ético, enquanto profissional da Medicina, a transmissão desses fatos às instâncias superiores, dadas suas implicações para a saúde da população, em especial, nesse caso, das mulheres”, aponta.
Apesar disso, no entanto, a profissional diz não saber que algo tenha sido feito a partir dessa informação e que se desligou da UBS em fevereiro 2016.
Prefeita disse desconhecer
Questionada em entrevista coletiva na quinta-feira (19) sobre alertas enviados ao município sobre possíveis falhas nos resultados de exames pré-câncer, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) disse que o único material que tem conhecimento é o memorando produzido pela equipe da UBS. No documento entregue ao município, médicos e enfermeiros fizeram um balanço do número de diagnósticos de possíveis casos de câncer a partir de exames naquele posto de saúde desde 2006.
“Que tenha chegado a mim documento sobre esse assunto, não. Apareceu agora (o memorando). Não tenho nada sobre isso. Pode até haver, mas não chegou a mim ainda e não tenho controle de todos os setores e protocolos que chegam à prefeitura”, disse Paula sobre o estudo que a médica afirma ter entregue.
Na sexta-feira (20), o Ministério Público recolheu, a pedido do laboratório Serviço Especializado de Ginecologia (SEG), 17 mil amostras de pré-câncer armazenadas no local, único credenciado a fazer as análises para Pelotas e outros nove municípios da região. O material é referente aos anos de 2017 e 2018 e ficará sob custódia do Estado, na sede do Instituto Geral de Perícias (IGP) em Porto Alegre, até que seja concluída a investigação sobre o caso.
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