Estatística

Em Pelotas cresce o número de autodeclarados pardos e pretos

O número de pessoas que se identificam como pretas ou pardas segue crescendo desde 1991; mesmo assim, a maioria da população se declara branca

Foto: Italo Santos - Especial DP - Aumento foi de 4% em comparação com o levantamento de 2010

Os novos dados do Censo Demográfico sobre a identificação étnico-racial da população apontou que em Pelotas o número de pessoas que se declaram pardas foi o maior na série histórica, com um aumento de 4% em comparação com o levantamento de 2010, chegando a 12% dos moradores do Município. Da mesma forma, o grupo de pessoas que se consideram pretas também cresceu, representando 11,9%. O quadro segue a tendência nacional, apesar do Estado ter sido considerado o mais branco do País.

Divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as características de autodeclaração dos moradores de Pelotas seguem um padrão de aumento considerável a cada edição de pretos e pardos desde 1991. Do primeiro Censo até a última pesquisa, o salto de pessoas pardas foi de cerca de 50%, o que representa 19 mil pessoas a mais do que há 31 anos. Em comparação, a população geral aumentou em apenas 11% no mesmo período. No Brasil, pela primeira vez, a maior parte dos entrevistados se consideram pardos.

O crescimento da parcela do Município que se considera preta teve ainda mais destaque, com 78% em comparação ao primeiro Censo, o equivalente a 17 mil pessoas a mais. Já em paralelo com o levantamento de 2010, a elevação foi de 60%. Além disso, o número de autodeclarados brancos teve uma retração nos últimos 12 anos de mais de 16 mil pessoas. Para o Coordenador do Projeto Museu do Percurso Negro de Pelotas, Luis Carlos Mattozo, esse cenário é consequência de políticas públicas, como a lei de cotas, que ao inserir pretos e pardos em espaços de educação e poder, incentiva as pessoas ao empoderamento de suas identidades.

A exemplo, ele compara o número de servidores públicos no primeiro ano da legislação em Pelotas com o momento atual. "Quando aprovaram a lei, nós tínhamos em torno de 0,2% de negros como servidores públicos, hoje são cerca de 11%. Isso serve como referência particularmente para a juventude negra". Mattozo conta ainda que em edições anteriores os dados de pretos e pardos chegaram a ser questionados pela quantidade considerada menor do que a realidade. "Hoje esse dado é de fato muito material, ele traduz uma fotografia mais atualizada de Pelotas, que sempre foi considerada a cidade mais negra do Estado" . O ativista ressalta que as pessoas que circulam pelo Município estão sendo cada vez mais representadas. "O bairro Getúlio Vargas é 96% composto por pessoas negras", cita.

Outro dado que chama à atenção é o decréscimo de pessoas amarelas, principalmente na comparação entre 2010 e 2022, questão que também é refletida nos dados nacionais. Conforme o IBGE, a diminuição da população amarela está correlacionada a um procedimento adotado no Censo 2022: caso o entrevistado se declarasse ou a algum morador de cor ou raça amarela, o recenseador faria uma pergunta adicional padrão: "considera-se como cor ou raça amarela a pessoa de origem oriental: japonesa, chinesa, coreana. Você confirma sua escolha?"

Identificação étnico-racial de Pelotas

2022:
Branco: 247.257 mil (75,9%)
Preto: 38. 691 mil (11,9%)
Pardo: 39.107 mil (12%)
Amarelo: 264
Indígena: 363

2010:
Branco: 265.234 (80,8%)
Preto: 34.817 (10,61%)
Pardo: 26.548 (8,09%)
Amarelo: 1.068 (0,33%)
Indígenas: 608 (0,19%)

2000
Branco: 269.097 (83,27%)
Preto: 31.172 (9,65%)
Pardo: 20.395 (6,31%)
Amarelo: 457 (0,14%)
Indígena: 384 (0,30%)

1991:
Branco: 247.580 (85,05%)
Preto: 21.648 (7,44%)
Pardo: 20.980 (7,21%)
Amarelo: 80 (0,03%)
Indígena: 384 (0,13%)

Idade mediana por cor ou raça:
Total: 38
Branca: 39
Preta: 35
Amarela: 41
Parda: 30
Indígena: 34

Cenário no País

Em 2022, cerca de 92,1 milhões de pessoas (ou 45,3% da população do país) se declararam pardas. Foi a primeira vez, desde 1991, que esse grupo predominou. Outros 88,2 milhões (43,5%) se declararam brancos, 20,6 milhões (10,2%), pretos, 1,7 milhões (0,8%), indígenas e 850,1 mil (0,4%), amarelas. A maior proporção de brancos foi do Rio Grande do Sul (78,4%).



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