Pesca

Embarcações estão sem acesso à Divinéia na Z-3

Cerca de 30 barcos maiores estão ancorados na Lagoa à espera da dragagem que deve começar em dez dias

Foto: Jô Folha - DP - O acúmulo de lixo e de areia no canal da Divinéia é um problema antigo

Por Cíntia Piegas
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A sete dias do início da captura do camarão e a oito da tradicional Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, pescadores artesanais da Colônia Z-3 estão preocupados com a situação do canal da Divinéia, principal acesso à comunidade e onde ocorre todo desembarque do pescado. Com o acúmulo de areia e, conforme a posição do vento que afasta a água da orla, fica inviável a passagem das embarcações. Na manhã de segunda (23), cerca de 30 barcos maiores estavam ancorados na Lagoa sem poder entrar no canal. A Prefeitura de Pelotas informou que uma obra emergencial deve começar em dez dias.

Quem precisou sair para buscar o sustento da família neste início de semana passou o domingo com a pá nas mãos, cavando para traçar um caminho que possibilitasse a passagem dos barcos para a orla. A trilha foi demarcada com hastes de madeira e, quem não conseguir passar entre elas corre o risco de ficar encalhado ou ter grandes prejuízos com a quebra das hélices das embarcações, devido ao assoreamento e o baixo calado. “Hoje até está bom, porque o vento é sul e a água entra. Mas quando bate o nordestão vai tudo embora, disse o pescador Tiago Silveira Pinto, 28, e desde os dez conhece bem o local. Ele conta que essa é uma demanda antiga e, como a entrada e saída de barcos diariamente pelas pedras, é natural que se forme os bancos de areia, a croa, como os pescadores costumam chamar. Sua maior preocupação no momento não é nem com a captura do camarão, mas com a festa da protetora dos pescadores, dia 2 de fevereiro. “A embarcação que carrega Nossa Senhora dos Navegantes fica muito pesada e não vai passar por aqui”, disse, apontando o canal.

Limpeza
A presidente da Associação dos Feirantes Pescadores Artesanais de Pelotas (Afpa-Pel), Adriana Ebersol Chagas, adianta que foi feita uma limpeza no local e a Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) liberou a licença para a dragagem emergencial. “Estão só pelo retorno do operador de máquinas da Prefeitura que está em férias”, adiantou a artesã. Ela lembra que há uma emenda parlamentar e que a verba está guardada para a execução de uma obra maior. “Mas o dejeto que sai dentro da Divinéia tem que ir para o aterro sanitário, pois é contaminado. O transporte custaria mais de R$ 200 mil. Então, estamos tentando um novo recurso de emenda parlamentar”, adiantou.

Demanda antiga
O acúmulo de lixo e de areia no canal da Divinéia é um problema antigo, sendo que foram várias as manifestações de sindicalistas e representantes do setor. Um desses manifestos partiu do vereador Jair Bonow (PP), falecido este ano. Sua reivindicação garantiu, através do deputado Marcus Vinícius (PP), uma emenda de R$ 80 mil, que foi repassada em dezembro de 2021 à Prefeitura de Pelotas - recurso que ainda não foi utilizado. Em março do ano passado, a Frente Parlamentar Frente Parlamentar em Defesa do Setor Pesqueiro da Assembleia esteve reunida com a equipe técnica da Secretaria de Transporte e Logística do Estado, quando foi solicitada a dragagem. Passados oito meses, o deputado Estadual Zé Nunes (PT), representando a Frente, buscou junto à Prefeitura e ao Estado uma parceria para destinar recursos que pudessem viabilizar a batimetria (estudo que mensura a profundidade da água) e licenciamento. “Esta reivindicação é de anos, pois os pescadores estão sofrendo grandes prejuízos”, disse o parlamentar.

O que diz a Prefeitura
O diretor da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Romualdo Cunha Júnior, explica que dentro de dez dias a Prefeitura dará início a uma operação de limpeza, retirada de resíduos e aprofundamento do atracadouro tão logo o nível da Lagoa dos Patos esteja favorável. A obra será feita com recursos próprios e utilização de equipamento (retroescavadeira hidráulica) e mão-de-obra (operador) da SDR. ​

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